A decisão da Finlândia de ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), anunciada nesta quinta-feira (12) eleva a guerra na Ucrânia a um novo e mais perigoso patamar. A decisão deve ser seguida pela Suécia. Os dois países da Escandinávia, historicamente neutros, darão um passo estratégico fundamental de alinhamento ao restante da Europa.
A medida é efeito colateral direto da invasão russa à Ucrânia e pode ser vista, pelo presidente russo, Vladimir Putin, como uma grave provocação: a movimentação de armamentos e tropas do Ocidente em uma nova frente. Finlândia e Rússia compartilham 1.340 quilômetros de fronteira. Ato contínuo, a ação pode levar o Kremlin a extrapolar, a médio prazo, suas medidas ofensivas.
É importante lembrar que, na visão de Putin, a invasão da Ucrânia foi uma ação "preventiva", sob o argumento da segurança da Rússia. Então, não é exagero imaginar que ele pode tentar esticar o colchão de proteção - com uma ação na Transnístria (Moldávia), por exemplo, como fez na Geórgia e Ucrânia.
Putin já anunciou que, se Finlândia e Suécia ingressarem na Otan, irá considerar o gesto como uma nova ameaça na fronteira da Rússia e ele vai movimentar para a área próxima armas nucleares e foguetes hipersônicos que podem reagir rapidamente a qualquer ameaça de ação da aliança militar.
O segundo movimento é o envolvimento cada vez mais direto dos EUA na guerra - não se trata mais apenas de apoio verbal ou político na ONU ao governo da Ucrânia. A Casa Branca tem se vangloriado de prestar apoios logísticos e táticos importantes às tropas de Volodimir Zelensky, que propiciaram, inclusive, a morte de oficiais russos, graças a informações de inteligência. Na segunda-feira, o presidente Joe Biden acelerou o envio de armamento à Ucrânia, com base em um mecanismo criado durante a Segunda Guerra Mundial para ajudar aliados americanos a derrotarem a Alemanha nazista. O Ukraine Democracy Defense Lend-Lease Act retoma um mecanismo adotado em 1941 por Franklin D. Roosevelt que ampliava os poderes do chefe de Estado para apoiar os esforços de guerra na Europa. Biden também disse estar pronto para fazer uma concessão política no Congresso para obter a aprovação rápida de US$ 33 bilhões adicionais para apoiar a Ucrânia.