É natural que, em uma cidade traumatizada pelo maior atentado terrorista da História, diante das cenas do ataque desta terça-feira (12) no metrô do Brooklyn, se pense automaticamente no extremismo islâmico. Mas, mais de 20 anos depois dos massacres de 11 de setembro de 2001 em Nova York e Washington, o terrorismo doméstico é a principal ameaça à segurança dos Estados Unidos.
O último grande atentado envolvendo extremistas islâmicos em território americano foi em 2013, durante a maratona de Boston, quando dois irmãos chechenos provocaram explosões que mataram três pessoas e feriram outras 183.
Desde então, a blindagem do território americano aumentou por meio de ações de inteligência de suas agências de segurança - algo que já havia sido alterado drasticamente pelos atentados de 11 de setembro de 2001. Mas o terrorismo doméstico é algo que ainda dribla o aparato civil e militar americano - e carece de investimento governamental.
Os ataques a tiros em escolas e universidades são um mal social, algo endêmico, nos EUA.
De forma geral, só na cidade de Nova York, palco do atentado desta terça-feira (12), o número de tiroteios cresceu neste ano, e o aumento dos crimes violentos com armas tem sido o foco do prefeito Eric Adams, que assumiu em janeiro. Até 3 de abril, casos com tiros cresceram de 260 para 296 em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo o Departamento de Polícia.
Em um país ainda fraturado politicamente desde antes da eleição de 2020, as ameaças extremistas por questões ideológicas aumentaram. Basta lembrar o ataque de radicais ao Capitólio, insuflados pelo ex-presidente Donald Trump, dias antes da posse de Joe Biden, em janeiro de 2021. Não era sobre eleição, a invasão dos baderneiros ao parlamento foi o ápice de uma polarização que vinha sendo gestada nas entranhas americanas.
Após a cerimônia de inauguração do governo Biden e nos primeiros dias de mandato democrata, o Departamento de Segurança Interna emitiu um aviso por meio de seu sistema de Alerta de Terrorismo Nacional. O curioso é que, até então, esses alarmes tinham a ver com a possibilidade de ataques contra os EUA por parte de um país estrangeiro ou de grupos radicais externos, como a Al-Qaeda ou o Estado Islâmico (EI). Mas, pela primeira vez, ele era acionado em razão de extremistas domésticos.
Também em 2021, a estratégia nacional para combater terrorismo no governo Biden citava o perigo doméstico, em especial os partidários da supremacia branca e os membros de milícias contra o governo.
Desde 11 de setembro de 2001, extremistas de direita foram mais responsáveis por mortes de americanos do que os fundamentalistas islâmicos radicados no país, segundo um relatório de inteligência. Apesar das inúmeras advertências do FBI, o assunto foi minimizado ao longo dos anos, quando as atenções e os recursos eram direcionados em sua maioria para ameaças provenientes do Exterior, subestimando os riscos internos.