Os primeiros sinais emitidos a partir de "La Moneda chica" ("Pequeno La Moneda"), o apelido do centro de operações do futuro governo de esquerda Gabriel Boric, indicam que a política externa do Chile, a partir de 11 de março, dia da posse, seguirá mais voltada para os vizinhos do Pacífico do que para o lado de cá da Cordilheira dos Andes.
Nesta segunda-feira (27), o presidente eleito afirmou que irá priorizar a aliança fundada em 2012 e integrada por Colômbia, México e Peru, além do Chile. Como em termos de relações exteriores tão importante quanto o dito é o "não dito", da frase de Boric deduz-se que o Chile que emerge das urnas não priorizará o relacionamento com os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e muito menos ressuscitará a Unasul - que respira por aparelhos desde a debandada de nações quando a América do Sul começou a ser pintada de azul, indicando governos de direita assumindo a maioria dos países.
Boric já conversou com o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, com o colombiano, Iván Duque, e com a chancelaria peruana (do governo Pedro Castillo). Apesar disso, ele recusou o convite do presidente Sebastián Piñera para acompanhá-lo no final de janeiro a uma viagem à Colômbia para as cúpulas da Aliança do Pacífico e do Fórum para o Progresso e Desenvolvimento da América do Sul (Prosul). Esta segunda aliança é formada por Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai e Peru e seria, segundo Boric, uma agenda do atual mandatário de centro-direita.
Em termos de política externa, Boric tem destacado que suas prioridades são a pandemia do coronavírus, a crise climática, as crises migratórias, a cooperação econômica e o fortalecimento da democracia. Ainda que deixe o Mercosul em segundo plano, a se confirmar os primeiros ventos do La Moneda chica, o presidente deve seguir a tradição de fazer a primeira visita ao Exterior para a Argentina, governada pelo presidente Alberto Fernández, de centro-esquerda.