Um olhar sobre a imprensa nos Estados Unidos e na Europa nesses derradeiros dias de 2021 indicam que o mundo entrará no ano 4 da era da covid em meio a grandes incertezas sobre a variante Ômicron.
Os EUA atingiram média diária de 254.496 novos casos na terça-feira (média dos últimos sete dias) — a maior já registrada no decorrer da pandemia, segundo a Universidade Johns Hopkins. O número bateu o recorde anterior de 251.989 novas infecções, estabelecido em 11 de janeiro de 2021.
Na França, as autoridades relataram 179.807 novos casos confirmados em um período de 24 horas na terça-feira (28). Apesar do aumento nas hospitalizações e na ocupação da UTI, os dados franceses mostram menos mortes. O Reino Unido, também na terça-feira (28), superou novamente o recorde de casos covid-19 com 129.471 novas infecções. As hospitalizações por covid-19 aumentaram 25% ao longo de uma semana, mas o governo disse que não haverá mais restrições lá antes do ano novo. Em Portugal, um dos países que mais vacinam no mundo (com quase 90% da população completamente imunizada), revê estratégia de combate à pandemia e projeta 37 mil novos casos de infecção na primeira semana de janeiro.
Se é verdade que 2021 foi o ano em que a vacina contra a covid-19 se espalhou pelo mundo, a despeito dos grandes bolsões onde a imunização ainda não chegou, é também certo que o coronavírus continua sendo mais rápido do que a resposta da humanidade. As mutações frequentes têm gerado sucessivas ondas de infecção que lançam dúvidas sobre se o fim do túnel - a despeito da luz projetada pelas vacinas - estará em 2022. Embora menos mortal, a agressiva velocidade de transmissão da Ômicron têm potencial de paralisar economias (com novos lockdowns), provocar crises no transporte aéreo (como os milhares de cancelamentos de voos dessa última semana), levar ao colapso hospitais, sem falar dos efeitos na saúde mental de nodos nós e nos impactos geopolíticos, como possíveis recrudescimentos de fronteiras, mais uma vez. Embora o ano que termina tenha consolidado a maior mobilização de recursos financeiros, humanos, intelectuais, científicos e logísticos já empregada em nível global em busca da resolução de um problema de saúde pública, os números de Ômicron e seus efeitos colaterais na economia e geopolítica indicam que não é possível baixar a guarda.