Os investigadores de acidentes aéreos costumam dizer que a queda de um avião nunca é motivada por apenas uma causa. Uma conjunção de fatores costuma provocar as tragédias envolvendo um dos meios de transportes mais seguros do mundo. Também é assim com o princípio de caos que se anuncia nesta última semana do ano no setor aéreo em algumas partes do mundo - em especial, nos Estados Unidos.
Quase 11,5 mil voos foram cancelados no planeta desde sexta-feira e dezenas de milhares sofreram atrasos justamente em um dos períodos mais movimentados do ano. Em paralelo com as tragédias aéreas, não se trata apenas de um problema provocado pela variante Ômicron. Há fortes nevascas em regiões americanas nesse início de inverno no Hemisfério Norte e problemas de manutenção e logística. No entanto, a nova cepa do coronavírus tem contribuído muito para os cancelamentos. Só na segunda-feira (27), 2,8 mil voos foram suspensos nos Estados Unidos.
Embora menos mortal, a Ômicron é incrivelmente mais transmissível. Em muitas companhias aéreas, os funcionários testaram positivo para covid-19 - ou as tripulações estão precisando se submeter a quarentenas por suspeitas de infecção. São os casos de Lufthansa, Delta, United, Jet Blue, British Airways e Alaska Airlines.
Os Estados Unidos registraram 190 mil novos casos de covid-19 nos últimos sete dias. E como o Sars-Cov-2 é um vírus que se alimenta da globalização - e das facilidades dela, como os meios de transporte globais -, a circulação intensa de fim de ano é um prato cheio para a doença se alastrar. Por isso, o principal assessor do governo americano para temas da pandemia, Anthony Fauci, recomendou ao presidente Joe Biden que torne obrigatória a vacinação para viajantes domésticos. Ainda sem responder às sugestões de Fauci, a Casa Branca decidiu adotar uma atitude emergencial - e perigosa - para mitigar o problema nos aeroportos: reduziu de 10 para cinco dias o período de isolamento de pessoas que estavam infectadas e assintomáticas.