Um dos países que viraram o jogo da vacinação contra a covid-19, o Canadá tem revisado as orientações aos cidadãos sobre a imunização a fim de acelerar seu processo de proteção contra o coronavírus.
Desde terça-feira (6), autoridades da província de Quebec passaram a incentivar que as pessoas que já tomaram a primeira dose do produto da Pfizer/BioNtech antecipem a segunda injeção, a fim de completarem, mais rapidamente, o ciclo de proteção.
Os quebequenses podem reservar a segunda dose para quatro semanas após a aplicação da primeira.
A bula do imunizante prevê um período de 21 dias entre as doses, tendo como base os testes de segurança e eficácia da fórmula. O Ministério da Saúde brasileiro adota o intervalo de 12 semanas, posicionamento chancelado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que confirmou eficácia da estratégia adotada pelo governo federal. Dados de estudos conduzidos nos Estados Unidos e no Reino Unido identificaram maior pico de produção de anticorpos no esquema com intervalo de 12 semanas em relação ao padrão de 21 dias.
Por trás da decisão da província de Quebec estão várias preocupações. Uma delas é o verão no Hemisfério Norte, período em que, normalmente, há maior circulação de pessoas - e, consequentemente, do vírus.
O governo também deseja vacinar o maior número de cidadãos antes do início do ano letivo, em agosto. O ministro da Saúde Christian Dubé disse, em entrevista à emissora CBC, que está preocupado com a faixa etária entre 18 e 29 anos, cuja taxa de imunização está atrasada. Apenas 67% das pessoas desse grupo se vacinaram. Entre 18 e 24 anos, a preocupação é maior, uma vez que a maioria dos estudantes, segundo ele, está nessa faixa etária.
Com o avanço da variante Delta, que foi identificada pela primeira vez na Índia, a intenção é superar 75% da população imunizada até 1º de setembro.
Conforme o monitor da Universidade de Oxford, 68,86% dos canadenses estão vacinados com ao menos uma dose e 37,62% com as duas doses.
Se a situação epidemiológica piorar no outono (no Hemisfério Norte), disse o ministro, o governo terá de tomar "decisões sérias". Como está praticamente descartado novo lockdown, depois que a economia ficou fechada por 15 meses, uma das possibilidades é restringir os serviços não essenciais apenas a pessoas que estejam totalmente imunizadas.
Inicialmente, o governo aplicava a estratégia de vacinação com intervalo de 16 semanas devido a falta de doses de vacina. Em seguida, encurtou o intercalo para oito semanas, quando o suprimento aumentou. Agora, a estratégia é acelerar. O governo de Quebec diz ter em estoque quase 2 milhões de doses.