Rodrigo Lopes

Rodrigo Lopes

Formado em Jornalismo pela UFRGS, tem mestrado em Ciência da Comunicação pela Unisinos e especialização em Jornalismo Ambiental pelo International Institute for Journalism (Berlim), em Jornalismo Literário pela Academia Brasileira de Jornalismo Literário, e em Estudos Estratégicos Internacionais pela UFRGS. Tem dois livros publicados. Como enviado do Grupo RBS, realizou mais de 30 coberturas internacionais. Foi correspondente em Brasília e, atualmente, escreve sobre política nacional e internacional.

Pandemia

Reveses com vacinas da AstraZeneca e da Janssen consolidam preferência da UE pelo produto da Pfizer

Comissão Europeia diz que empresa se mostrou "sócio confiável"

Rodrigo Lopes

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David Dee Delgado / Getty Images/AFP
Fabricante promete mais 50 milhões de doses para o bloco europeu

Diante dos percalços com as vacinas da Oxford/AstraZeneca e da Janssen, a União Europeia (UE) está se apoiando no produto da Pfizer/BioNTech como o principal imunizante para enfrentar a covid-19. Das 100 milhões de doses aplicadas até agora nos 27 países do bloco, 63% são do laboratório americano. 

Esta semana, a Comissão Europeia anunciou a remessa de um lote extra de 50 milhões de doses da Pfizer/BioNTech e já negocia encomendas para os próximos anos na faixa de 1,8 bilhões de doses. As palavras da presidente do órgão, principal autoridade da UE, Ursula Von der Leyen, o laboratório americano tem se mostrado "um sócio confiável". Nas entrelinhas, trata-se de uma indireta para a AstraZeneca, fabricante da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e acusada pelas autoridades da UE de não cumprir com o contrato. 

De fato, a empresa entregou apenas 30 milhões das 120 milhões de doses prometidas. O argumento é a dificuldade fabril e a falta de insumo ao mesmo tempo em que garante que, no acertado com a UE, não havia uma obrigação de entregar o prometido, apenas uma intenção.

Ao lado dessa desconfiança no mundo dos negócios, pesa contra a AstraZeneca os casos - ainda que raros - de trombose em pacientes que receberam a vacina. Ainda que Organização Mundial da Saúde (OMS) e Agência Europeia de Medicamentos (EMA) tenham garantido a segurança do produto e que as chances de morrer de covid-19 são muito maiores do que o risco de efeito colateral do imunizante, a Dinamarca decidiu, na quarta-feira (14) desistir de vez da vacina desse laboratório - aplicará no país apenas os imunizantes de Pfizer/BioNTech e Moderna.

Com relação à vacina da Janssen, a empresa decidiu atrasar as primeiras entregas à UE, depois que autoridades dos Estados Unidos recomendaram suspender seu uso no país para estudar seis casos de trombose detectados entre as 7 milhões de pessoas que já receberam a dose - no caso da Janssen, é uma única aplicação, diferentemente dos demais produtos no mercado, que exigem duas injeções para garantir eficácia contra a covid-19. 

Além de Oxford/AstraZeneca e Janssen (que recebeu liberação da EMA para ser administrada no bloco), a UE utiliza Pfizer e Moderna. Na fala de Von der Leyen também apareceu, além da preferência por questões comerciais, um argumento científico. Pfizer e Moderna foram desenvolvidas tendo como base tecnológica RNA mensageiro, que, até esta pandemia, nunca havia sido utilizada em humanos. 

A vantagem dessa tecnologia é dispensar o cultivo de vírus em laboratório, como requer a CoronaVac, por exemplo, produzida a partir do vírus inativado. Essas vacinas de terceira geração são criadas a partir da replicação de sequências de RNA por meio de engenharia genética: usam o RNA mensageiro para mimetizar a proteína "spike", específica do Sars-Cov-2, que o auxilia a invadir células humanas. Essa cópia no entanto não é nociva como o vírus, mas suficiente para desencadear uma reação das células do sistema imunológico. 

- Temos de nos concentrar em tecnologias que demonstraram sua eficácia. As vacinas com RNA mensageiro são um claro exemplo disso - afirmou a chefe da UE.

 

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