A Dinamarca, que desistiu de vez de usar o imunizante de Oxford/AstraZeneca devido aos raros acidentes vasculares graves ligados ao produto, é um dos países da União Europeia (UE) que mais vacina contra a covid-19.
Enquanto muitos vizinhos de bloco estão na faixa das 21 doses para cem habitantes (caso de França, Portugal e Polônia) ou das 22 doses para cem habitantes (situação de Alemanha, Holanda, Bélgica e Itália), a nação nórdica registra 24,83 doses para cem habitantes, segundo o ranking da Universidade de Oxford utilizado pela coluna para comparação.
A Dinamarca está um ligeiramente atrás de Lituânia (25,79 por cem habitantes) e Estônia (25,33 por cem habitantes). Dentro da UE, o país que mais vacina é a Hungria, com incríveis 44,80 doses para cem habitantes.
Ao anunciar a decisão de suspender o uso da vacina de Oxford/AstraZeneca, as autoridades de saúde dinamarquesas reconheceram que o produto tem mais vantagens do que desvantagens. E reforçou, como têm dito a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), que a chance de morrer ou ficar com sequelas graves da covid-19 é muitas vezes maior do que o risco de morte por efeito colateral da vacina de Oxford/AstraZeneca.
Nas entrelinhas, fica claro que o governo dinamarquês resolveu não correr o risco. Pode se dar ao luxo de abrir mão de 50 mil doses das pouco mais de 200 mil recebidas porque tem outras vacinas - Pfizer/BioNTech e Moderna - e porque faz um bom controle da pandemia. O país registra, no total, 240,2 mil casos de covid-19 e 2,4 mil mortos. Após picos em dezembro e janeiro, a nação registra queda nas infecções e óbitos. Na terça-feira (13), foram 563 novas infecções e três mortos. Em março, em 23 de março, após três meses sob medidas de restrição, o governo anunciou um plano progressivo para suspender o confinamento parcial até o fim de maio. As escolas de ensino fundamental foram abertas no mês passado, e, desde o dia 6, os estudantes do ensino médio podem comparecer às aulas aulas em uma a cada duas semanas. A ideia era de que a sociedade estivesse dinamarquesa pudesse estar aberta quando todas as pessoas com mais de 50 anos estivessem vacinadas.
A suspensão do uso da vacina de Oxford/AstraZeneca atrasará em três semanas o cumprimento dessa meta. As 150 mil pessoas que foram imunizadas com a vacina agora suspensa receberão a segunda dose de outro dos imunizantes disponíveis no país.