Quem assiste a séries como "The Crown" ou outros filmes históricos sobre a realeza britânica já sabe a resposta. Mas, como tenho recebido algumas mensagens de leitores perguntando sobre a razão de Philip, falecido nesta sexta-feira (9), não ser considerado rei, cabe uma explicação mais detalhada.
Philip não é rei. É príncipe consorte.
Consorte é o cônjuge de um monarca. Mas não existe, no Reino Unido, "rei consorte".
Isso porque, segundo a legislação do Reino Unido, somente os herdeiros recebem o mais alto título da monarquia, de rei ou rainha. É uma forma de evitar que a linhagem real passe para a família do homem. A coroa é herdada pelos filhos de um indivíduo e pela sua linha colateral mais próxima, quando esse não tiver filhos.
Então, quando a rainha vier a morrer, o herdeiro do trono será o príncipe Charles, 72 anos. Depois, o príncipe William, 38 anos (filho de Charles com Diana). Em terceiro na linha de sucessão, vem o príncipe George, que tem sete anos (filho de William e Kate). Na sequência, sua irmã, Charlotte, cinco anos.
A mulher do rei é chamada de rainha consorte - era o caso da rainha-mãe (mãe de Elizabeth II), esposa do rei George VI (que também se chamava Elizabeth). Mas isso não se aplica quando o monarca é uma mulher, caso de Elizabeth. Nesse caso, ele não pode ser chamado de rei consorte. O correto é príncipe consorte.
Então, quando Charles for rei após a morte da mãe, Camilla poderá ser chamada "rainha consorte" - se o rei assim decidir.
Mesmo o termo "príncipe" não é algo pacífico na realeza. Philip só recebeu esse título 10 anos depois do casamento com Elizabeth, quando ela já havia assumido o trono. À época, houve questionamentos porque, antes, apenas descendentes de sangue da monarca poderiam usar a honraria.
Um dos argumentos é de que Philip já era príncipe antes de se casar com Elizabeth. Só que de outros reinos, da Grécia e da Dinamarca. Ele precisou abrir mão do título para o matrimônio. Além disso, Philip é tataraneto da rainha Vitória, britânica.