A partir das 22h (horário de Brasilia) desta quinta-feira (22), o presidente republicano Donald Trump e o rival democrata Joe Biden farão o último debate da eleição nos Estados Unidos. O encontro será em Nashville, Tennessee, mediado pela jornalista Kristen Welker, da rede NBC.
Depois do show de horrores do duelo do dia 29 de setembro, com muitas interrupções por parte de Trump, desta vez os microfones serão silenciados em parte do duelo. O modelo será o seguinte: Welker fará uma pergunta, cada candidato terá dois minutos para respondê-la - nesse período, o microfone do adversário ficará fechado. Após esse tempo, haverá debate aberto.
Lembrando, seriam três encontros entre os competidores, como manda a tradição, mas o segundo, previsto para 15 de outubro, foi cancelado porque Trump estava com covid-19 e não houve acordo entre as campanhas sobre as regras presenciais, com relação a distanciamento social e segurança.
O duelo desta quinta-feira terá uma hora e meia de duração, tempo dividido em seis blocos temáticos com 15 minutos cada. Serão debatidos seis temas pré-estabelecidos: combatendo a covid-19, as famílias americanas, a campanha nos estados unidos, mudanças climáticas, segurança nacional e liderança.
Pesquisas - Biden tem vantagem no voto nacional - 50,7 a 43%, ou seja, 7,7 pontos percentuais a mais, segundo a média das pesquisas computadas pelo site Real Clear Politics. Ele também está à frente nos Estados-pêndulos, aqueles que decidem a eleição, segundo agência Reuters e Instituto Ipsos. A vantagem maior é em Wisconsin (51% a 43%) e Michigan (51% a 44%). O democrata também está à frente, mas com vantagem menor, na Pensilvânia (49% a 45%) e no Arizona (50% a 46%). A disputa é mais acirrada na Flórida (49% a 47%) e na Carolina do Norte (49% a 46%). Como a margem de erro é de quatro pontos para mais ou para menos, há empate técnico nesses quatro últimos Estados.
A média das pesquisas computadas pelo FiveThirtyEight dá vantagem maior a Biden em todos os Estados-pêndulos - Michigan (50,8% a 42,8%), Wisconsin (51% a 43,7%), Pensilvânia (50,5% a 44,2%), Arizona (49% a 45,1%), Flórida (48,9% a 45,4%) e Carolina do Norte (49,3% a 46,2%).
Falando de estratégia. A campanha de Trump entende que as constantes interrupções e o comportamento furioso são características fundamentais do presidente, é a tática dele, acreditam que isso o fez vencedor no duelo do dia 29, mas que é necessário segurar um pouco a ira no confronto desta quinta-feira. Esse comportamento agrada a seus eleitores, a sua base, mas não conquista novos. E Trump precisa conquistar os indecisos.
Biden está na frente nas pesquisas nacionais, mas não foi bem no primeiro debate. Se atrapalha quando é interrompido, tentou ser irônico, mas na verdade apresentou um comportamento errático. Não despertou energia - esse papel tem ficado mais para a sua vice, Kamala Harris. Ele precisa energizar os eleitores, convencê-los a sair pra votar no dia 3, porque o voto não é obrigatório nos EUA, a eleição ocorre em uma terça-feira, dia útil, sem feriado. Até as condições meteorológicas importam. O eleitor precisa querer muito votar.
Ponto que pode ser explorado por Biden contra Trump é a questão dos supremacistas brancos, que o presidente não condenou no debate de 29 de setembro. Isso gerou uma onda de críticas nacionais e internacionais, que abalaram a campanha republicana.
Por outro lado, Biden deve ser atacado na questão familiar de novo. Os republicanos vão explorar o suposto tráfico de influência feito por Hunter, filho de Biden, em prol de sua empresa na Ucrânia, na época em que o pai era vice-presidente. A investigação do New York Post tem inconsistências, teve exibição limitada por Facebook e Twitter por indícios de fake news, mas, na retórica de Trump, isso pouco importa e deve aparecer.
O voto nos EUA já está sendo realizado, na prática. As urnas já registraram mais de 41 milhões de votos, número 10 vezes maior do que o total computado até o dia 21 de outubro de 2016.
Vale observar como Trump irá se comportar em relação à mediadora Kristen Welker. O presidente tem histórico de atos machistas - comportamento que lhe tira voto entre as mulheres. Trump já disse que ela é "uma democrata de esquerda radical", em comício no Arizona. Kristen é negra - Trump também é considerado, por muitos, um político racista. A jornalista de 44 anos é correspondente da NBC na Casa Branca.