A Caneta de Ouro da Liberdade (Golden Pen of Freedom) foi entregue nesta quarta-feira (16) à jornalista colombiana Jineth Bedoya Lima, do jornal El Tiempo, de Bogotá, por sua luta contra a impunidade e pelo direito das mulheres afetadas pela violência política no país.
O reconhecimento é feito todos os anos pela Associação Mundial de Jornais e Fórum Mundial de Editores (WAN-Ifra).
- Ao falar a verdade ao poder, buscando justiça e se esforçando para acabar com a impunidade, você (Jineth) representa o melhor de nossa profissão - afirmou Warren Fernandez, presidente do Fórum Mundial de Editores, durante a cerimônia de entrega do prêmio.
Este ano, em razão da pandemia, o ato de entrega do prêmio ocorreu de forma virtual. Em sua fala, a jornalista destacou que a liberdade de imprensa enfrenta, hoje, um dos maiores desafios de sua história, em meio ao confinamento devido ao coronavírus em vários países. Ela destacou que a migração dos jornais impressos para ambientes digitais não só exige mudanças em processos de redação, mas também que profissionais descubram formas de tornar sustentável economicamente os negócios.
Jineth destacou também que a crise da covid-19 faz com que os jornalistas estejam desenvolvendo um jornalismo muito mais próximo das pessoas e de suas comunidades. E chamou a atenção para a violência de gênero.
- Faço um apelo a todos os editores do mundo: vamos prestar mais atenção aos atos de violência de gênero - disse ela.
A jornalista acrescentou:
- Receber a Caneta de Ouro da Liberdade é também um reconhecimento da luta incansável contra a impunidade enfrentada por dezenas de jornalistas em todo o mundo.
Jineth foi violentada sexualmente em 2000, quando fazia uma reportagem investigativa para o jornal El Espectador sobre tráfico de armas entre grupos rebeldes, paramilitares e funcionários do governo na prisão de La Modelo. Ela foi sequestrada e torturada no local.
- Eu era repórter jovem e sonhadora quando tentaram me silenciar. Eu precisei me tornar a história para entender que a matéria em um jornal talvez não iria mudar o mundo, mas tinha o poder de transformar a realidade de alguém - afirmou ela.