O duelo da eleição presidencial nos Estados Unidos, no dia 3 de novembro, será entre Donald Trump e Barack Obama. Isso ficou claro na ação e reação representada pelo ataque direto de Michelle, no primeiro dia da convenção, e na resposta do presidente americano.
- Trump é o presidente errado para os EUA - disse ela, na noite de segunda-feira (17).
"Alguém precisa explicar a Michelle Obama que Donald J. Trump não estaria aqui, na bela Casa Branca, senão fosse pelo belo trabalho feito pelo marido dela, Barack Obama", respondeu o republicano, com ironia, no Twitter.
É, em parte, verdade. O voto em Trump em 2016 foi muito o anti-Obama, desgastado por oito anos de mandato. Mas havia outros fatores: uma onda conservadora que o candidato soube explorar, a rejeição a Hillary, associada aos anos Bill Clinton no poder (com boa dose de machismo, por parte do eleitor). Mas havia mais: Trump era a novidade, apresentava-se como o anti-establishment de Washington e e um discurso nacionalista poderoso que soou como música nos grotões americanos, duramente atingidos pela crise econômica de 2008.
Quatro anos depois, a economia estava, até o início do ano em aceração (em parte resultado de Trump, mas ainda com reflexos do segundo mandato de Obama), o desemprego era o mais baixo em décadas. Foi quando veio a pandemia, que jogou 30 milhões de americanos no desemprego, matou mais de 170 mil e derrubou o PIB. O que não mudou foi a estratégia de Trump, que ao apostar no confronto, no acirramento de ânimos, fala para sua base eleitoral. Isso preserva a massa de eleitores, em geral do Sul, mas tem afastado, como mostram pesquisas, votantes de Estados como Michigan, Pensilvância e Wisconsin, onde ele ganhou em 2016.
Por outro lado, o tom de Biden-Obama-Michelle é de que esta é uma eleição do destino da nação, de que Trump precisa sair, porque não representa os valores americanos: de defesa da democracia, do multilateralismo, dos EUA como líderes do mundo livre. É o discurso de que a administração democrata é conhecida, diametralmente oposto o que propõe Trump - e que ele tentou desfazer nesses últimos quatro anos. Veremos, até 3 de novembro, a batalha do Make America Great Again e o Yes, We can. Com poucos personagens novos.