A explosão de casos de coronavírus na Flórida - com pelo menos 10 mil novos casos de coronavírus a cada dia - põe em risco os planos da NBA de retomar as partidas em uma espécie de laboratório que pode servir de exemplo para a volta do esporte em várias partes do mundo.
A liga profissional americana pretende retomar os jogos no dia 30 na chamada "bolha" da Disney - quando as 22 equipes ficarão confinadas no complexo em Orlando. Mas como levar atletas profissionais para o epicentro da covid-19 nos Estados Unidos? Algumas vozes contrárias estão surgindo com mais força, como a do ex-jogador Charles Barkley.
- Não vejo como podemos passar três meses. As chances de passarmos três meses e não ter um surto... Acho que isso é improvável - afirmou em entrevista ao podcast The Steam Room. - A Flórida é o pior lugar do mundo no momento, e estamos levando 22 equipes da NBA para lá.
Tem razão o ex-atleta. A NBA decidiu que 22 equipes, com delegação de 35 pessoas cada, será isolada em três resorts do complexo, que está fechado ao público. Todas as atividades esportivas ocorrerão em sete quadras de treinamento, além dos três ginásios principais, onde serão disputados os jogos. O custo da operação gira em torno de US$ 150 milhões. Mas, apesar de todos os cuidados, é praticamente impossível manter o local, por tanto tempo, hermeticamente fechado.
Nos Estados Unidos, Nova York foi, inicialmente, a região mais atingida. Mas hoje observa-se uma migração da gravidade da doença para os Estados do Sul. Parte da explicação passa pelo relaxamento de medidas de restrição e pouca adesão à distanciamento social e uso de máscaras de proteção - em especial, em territórios governados por aliados do governo federal.
Hoje, a Flórida tem taxas de infecção acima de qualquer país da Europa, mesmo no auge da pandemia no Velho Continente. Outro Estado onde a situação está fora de controle é o Texas.
Retomar a NBA vai ao encontro dos interesses do governo Donald Trump, que tem se esforçado em passar uma ideia de normalidade nos Estados Unidos, apesar dos números de infectados (2,9 milhões) e mortos (129,9 mil) por coronavírus.