A rede CNN noticia nesta terça-feira (7) que o governo Donald Trump iniciou formalmente seu processo de saída da Organização Mundial da Saúde (OMS). A emissora cita como fonte um tuíte do senador Robert Menendez, do Partido Democrata (oposição), integrante da comissão de Relações Exteriores do Senado americana. Segundo a mensagem, o Congresso dos Estados Unidos teria recebido a notificação da Casa Branca.
Fontes no Departamento de Estado americano confirmaram que o governo americano encaminhou, no domingo (6), às Nações Unidas, na pessoa do secretário-geral, a decisão de sair do órgão multilateral.
A notícia confirma o anúncio de Trump de se retirar do órgão, que considera ter sido negligente em relação à pandemia de coronavírus. Além disso, afirma que o órgão foi complacente ao não cobrar explicações da China sobre o surgimento da doença.
Por que essa decisão é importante?
Há um aspecto simbólico e outro prático da saída dos Estados Unidos da OMS. O simbólico: significa a retirada de um país que participou desde o início da criação dos órgãos multilaterais pós-Segunda Guerra Mundial. Os EUA participaram desde o início da criação e se tornaram membros da OMS em 1948, por meio de uma resolução conjunta. Foi necessária a aprovação do Congresso americano ao país para entrar. Portanto, será permitida ao sair. O abandono da OMS é parte da ideia do governo americano de isolamento e vai na contramão da tradição diplomática de integrar - e liderar e financiar - organismos internacionais na busca por consensos e resoluções em prol do sistema internacional.
Na prática, os EUA são o país que mais depositam dinheiro na OMS. Em 2019, foram cerca de US$ 450 milhões. O atual governo afirma que pretende redirecionar os fundos para outros projetos globais de saúde, por meio de suas agências. Na prática, a saída prejudica a luta contra outras epidemias que surgirem ou que já existem.
A OMS é uma organização internacional reconhecida por governos de diferentes países, mesmo àqueles com os quais os EUA não têm relações diplomáticas. Ou seja, sua ação no combate a doenças é amplo e irrestrito a preferências ideológicas ou de governos. Também tem poder de influência e ação no terreno em regiões e territórios onde agências dos EUA não entram. Em outras palavras, o investimento em saúde feito pela OMS é garantia de que o dinheiro não será usado apenas para favorecer populações de países cujos governos apoiam a Casa Branca.
Seguindo os passos do governo americano, o presidente Jair Bolsonaro também já fez críticas à OMS e disse que o Brasil pode deixar a organização, que, segundo ele, atua com "viés ideológico".