Demorou, mas a política anti-imigração do governo Donald Trump, nos Estados Unidos, chegou à Estátua da Liberdade. O monumento, avistado por imigrantes que chegavam a Nova York no século 19, vindos do Velho Mundo em busca de uma vida melhor, é simbolo de um país forjado pela força de trabalho de pessoas que chegavam de fora.
A polêmica da vez gira em torno do poema de Emma Lazarus, escrito em 1883 e que está aos pés da estátua:“Dêem-me os cansados, os pobres, as vossas massas apinhadas que anseiam por respirar em liberdade. A recusa desventurada do vosso porto abundante. Enviem-me esses sem-abrigo assolados pela tempestade. Ergo a minha tocha junto do portão dourado”, diz trecho do poema, como sinal de acolhida do Novo Mundo aos migrantes.
O mundo mudou. E os Estados Unidos também.
Em entrevista à NPR (programa Morning Edition), o diretor dos Serviços de Cidadania e de Imigração (republicano), Ken Cuccinelli, sugeriu uma mudança no poema.
— Ele se refere a pessoas que vêm da Europa, onde tinham sociedades baseadas em classes e onde as pessoas eram consideradas miseráveis se não estivessem na classe certa — declarou.
Questionado pelo apresentador se as palavras “Dêem-me os vossos cansados, os pobres” faziam parte do etos americano", ele afirmou:
— Certamente fazem.
Em seguida, sugeriu:
— Dêem-me os vossos cansados e os vossos pobres que conseguem apoiar-se nos seus pés e que não vão tornar-se um fardo público.
Trump foi questionado sobre as afirmações de Cuccinelli. E deu seu apoio:
— Não acho que seja justo que o contribuinte americano pague para as pessoas virem para os Estados Unidos. Acho que estamos fazendo a coisa certa.