A liberdade de imprensa está em declínio em todo o mundo. Embora o problema seja mais perceptível em nações como a Venezuela de Nicolás Maduro, a Turquia de Recep Erdogan ou a Rússia de Vladimir Putin, o mais recente relatório da Freedom House (leia na íntegra o documento), divulgado este mês, revela que, mesmo em bastiões democráticos, como Estados Unidos, Austrália e nações da Europa central, a tendência é de redução de garantias do exercício do jornalismo.
O estudo aponta que, em algumas das principais nações liberais do planeta, “grandes segmentos da população não recebem mais informações e notícias imparciais”. Diferentemente de países autoritários, onde a censura se apresena com prisões de jornalistas, em nações democráticas “a mídia é vítima de esforços sutis para reduzir sua independência”. Isso deve-se a líderes populistas, segundo o estudo.
A ONG cita ataques contra a imprensa realizados pelo presidente Donald Trump, que, conforme a Freedom House, “exacerbou a erosão da confiança do público na grande mídia”.
No gráfico que mostram a situação em países da Europa Ocidental, Austrália, Estados Unidos e Canadá, percebe-se tendência de queda, com exceção dos países nórdicos. Chama a atenção que Itália e Grécia, outrora nações consideradas “livres” pelo critério da entidade, caíram para “parcialmente livres”.
No Leste Europeu, com exceção de Estônia, Lituânia, Letônia, Eslováquia, Eslovênia e República Checa, todos os demais países apresentam problemas. A Polônia caiu de “livre” para “parcialmente livre”, mesmo patamar de Romênia, Croácia, Bulgária, Hungria, Albânia, Moldávia. São considerados “não livres” Macedônia, Belarus e Rússia.
No Oriente Médio e norte da África, Israel, que era a única nação com imprensa “livre”, agora aparece como “parcialmente livre”.
Na América Latina, a queda é abrupta. Os piores países são México, Equador, Honduras, Cuba e Venezuela. O Brasil, que figurava como “livre” em 1994, passou, de uns anos para cá, ao patamar de “parcialmente livre”. O documento afirma:
“O Brasil é uma democracia que realiza eleições competitivas e caracterizadas por um vibrante debate público. No entanto, jornalistas independentes e ativistas da sociedade civil correm o risco de assédio e ataque violento, e o governo provou ser incapaz de conter a taxa crescente de homicídios ou de enfrentar a violência desproporcional contra a exclusão econômica de minorias. A corrupção é endêmica nos níveis mais altos, contribuindo para a desilusão com os partidos políticos tradicionais.”
No mesmo patamar estão Haiti, Bolívia, Nicarágua, Colômbia, Guatemala, Argentina, Paraguai, Panamá, Peru, República Dominicana, El Salvador, Guiana e Antígua e Barbuda. Entre os “livres” estão Costa Rica, Uruguai, Chile, e pequenas ilhas do Caribe.