Após 75 anos de história, o jornal El Nacional, uma das últimas vozes independentes da Venezuela sob o governo de Nicolás Maduro, deixará de ser impresso.
A última edição circulará nesta sexta-feira. O jornal sofreu durante os últimos 15 anos ações sistemáticas de intimidação de repórteres e editores, além de ataques por meio de ações judiciais e restrições publicitárias e de acesso a papel imprensa, que culminaram na asfixia do veículo de comunicação.
— Foram 15 anos de assédio – diz Miguel Henrique Otero, CEO do El Nacional, que vive um autoexílio entre os Estados Unidos e a Europa.
— Conseguiram silenciar a rádio e a televisão, e conseguiram fazer desaparecer os meios impressos independentes, convertendo-os em plataformas web. Nós éramos o último jornal nacional que mantinha edição impressa — completou.
Miguel Otero esteve em abril de 2018 no Fórum da Liberdade, em Porto Alegre. Durante evento e em entrevista à coluna, o empresário denunciou as ações de violação da liberdade de imprensa e de expressão na Venezuela.
Conforme o diretor, o assédio aos meios de comunicação independentes fazem do regime de Maduro uma "ditadura pura e dura", na qual não há divisão de poderes nem liberdade de expressão.
Segundo ele, o papel imprensa, matéria-prima para a edição impressa dos jornais, é controlado por meio de um monopólio estatal. Dificultar acesso ao produto foi uma forma de asfixiar veículos críticos ao governo.
– Duramos (a versão impressa) mais que os demais porque houve solidariedade de outros jornais latino-americanos para que seguíssemos imprimindo, mas, ao final, não pudemos resistir – lamentou.