No dia em que o novo pacote econômico de Nicolás Maduro entrou em vigou na Venezuela, as medidas do governo, de alto impacto na sociedade, dividiram espaço nas capas dos jornais e emissoras de TV do país vizinho com a tensão na fronteira com o Brasil para onde fogem milhares de pessoas nos últimos meses.
Um dos maiores diários do país, o El Universal publicou que mais de 300 pessoas foram trasladadas a suas cidades de origem, depois do tumulto em Pacaraima, em Roraima: "autoridades venezuelanas habilitaram um refúgio em Fuerte Roraima, Santa Elena de Uairén, no Estado Bolívar", diz a reportagem.
O jornal El Nacional, outro veículo de comunicação de Caracas, destacou o pedido do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) para que os países membros da entidade façam uma reunião urgente para debater a crise migratória venezuelana. Além do Brasil, Equador e Colômbia têm sido destino frequente dos migrantes. Luis Almagro pediu que a reunião da OEA seja feita em duas semanas: "deve ter como objetivo ajudar os venezuelanos que fogem da crise humanitária para outros países". O diplomata destacou que "os países que recebem os imigrantes têm feito um grande esforço que deve ser reconhecido e apoiado pela organização".
O portal Ultimas Notícias destacou o apelo feito pela chancelaria venezuelana para que o Brasil garanta a segurança dos venezuelanos que chegam a Pacaraima: o jornal repete as palavras do governo, segundo o qual os ataques "violentam normas do Direito Internacional, além de atingir os direitos humanos".
Percebe-se uma preocupação em entender os efeitos práticos da medida do governo brasileiro de enviar a Força Nacional para a fronteira. Maior emissora de TV do país, a Globovision dá ênfase às ações do Planalto para responder à crise: "Michel Temer se reunirá com ministros para debater crise", afirmou a reportagem.
A rede CNN en Español, com grande penetração nos países latinos, traz na capa de sua home: "Por que o Brasil envia militares à fronteira". A reportagem afirma que, em Pacaraima, Roraima, "as autoridades brasileiras sustentam que a situação ante à chegada massiva de venezuelanos requer medidas adicionais". Há também preocupação por parte dos venezuelanos que tentam entrar no Equador: "Devolver-nos é morrer", dizem os migrantes.
A tensão na fronteira, aprofundada no sábado após manifestantes incendiarem acampamentos de venezuelanos, também foi assunto no The New York Times: "Moradores de uma cidade da fronteira no norte do Brasil que se tornou ponto de entrada principal para venezuelanos que buscam refúgio destruíram acampamentos migrantes no fim de semana em um dos mais dramáticos episódios de uma reação à crescente presença dos venezuelanos", diz o texto.