Entre os migrantes venezuelanos que cruzaram o Rio Grande do Sul rumo ao Uruguai nos últimos dias, a ONG Idas y Vueltas identificou um jovem que se identifica como Pedro (nome fictício) que diz ter percorrido a pé a maior parte do trajeto entre Roraima e o sul do Estado, onde ingressou no país vizinho. Teria levado 32 dias para fazer a rota. Provavelmente, intercalando com caronas.
Pedro, 27 anos, é formado em hotelaria. Ele conta ter ficado três dias sem comer. Conforme seu relato à ONG uruguaia, o rapaz ficou sabendo do trajeto por meio migrantes cubanos que têm utilizado o caminho, conforme mostrou GaúchaZH em janeiro.
O homem pediu para não dar mais entrevistas, mas contou ao jornal El País, de Montevidéu, que, ao chegar a Porto Alegre, após quase um mês caminhando, pensou em seguir para o Chile. Outros venezuelanos o convenceram de que o Uruguai seria melhor.
Diferentemente da ideia dos cubanos que têm usado o país vizinho como trampolim para chegar aos Estados Unidos, Pedro e os outros migrantes venezuelanos que já chegaram ao Uruguai desejam ficar. A ONG Idas y Vueltas identificou a chegada de pelo menos 15 cidadãos procedentes do país de Nicolás Maduro nos últimos dias.
Em Chuy, município que faz fronteira com a gaúcha Chuí, ele permaneceu por um mês, fazendo pequenos bicos, como pintura e corte de grama, para ganhar dinheiro. Depois, Pedro mudou-se para Montevidéu.
— Poucos ficam no Chuy, a maioria vai para Montevidéu, em busca de oportunidades de trabalho — contou Karla Mateluna, coordenadora da Idas y Vueltas, que deu apoio ao rapaz.
Segundo ela, pelo menos 15 venezuelanos chegaram a Chuy nos últimos dias. É pouco, comparado aos 262 cubanos registrados pela ONG de dezembro até agora.
Com a aproximação do verão, o fluxo de migrantes entre Chuy e Montevidéu deve se inverter, ao menos em parte. Segundo Karla, muitos venezuelanos e cubanos que chegaram ao Uruguai estão em busca de postos temporários de trabalho em praias como Cabo Polonio, Piriápolis e La Pedrera.