A menos que uma hecatombe ocorra nas estepes russas, Vladimir Putin conquistará na eleição deste domingo uma vitória esmagadora, lastreada por seu discurso nacionalista de “uma Rússia grande” outra vez a despeito das supostas tentativas do Ocidente de desestabilizar o país. Eleito pela primeira vez em 2000, ele acumula 18 anos no poder, como presidente ou primeiro-ministro. Ao vencer de novo, garantirá mais seis. Em 2024, quando sair do Kremlin (se sair...), terá acumulado o período mais longo no comando da nação desde Stalin.
Da península de Kamtchatka, a Leste, ao enclave de Kaliningrado, a Oeste, 107 milhões de eleitores votarão no imenso território russo, com 11 fusos horários.
O mundo estará de olho. Em quase todos os grandes assuntos da geopolítica atual, a Rússia está envolvida: Putin tornou-se o senhor da vida e da morte na guerra síria, é um dos fiéis da balança da crise com a Coreia do Norte, estende tentáculos pela América Latina, diante do vácuo deixado pelos americanos, pode ter influenciado a eleição de Donald Trump e, nos últimos dias, unificou Reino Unido, França, Alemanha e EUA contra si por causa do envenenamento de um ex-agente em território britânico.
Na última pesquisa do instituto público VTsIOM, o presidente aparece com 69% das intenções de voto. O segundo colocado, Pavel Grudinin, tem 7%, e o terceiro, o ultranacionalista Vladimir Zhirinovsky, 5%. Os outros aparecem com percentuais pouco significativos.
O grande ausente da eleição é o inimigo número 1 do Kremlin, Alexei Navalni, único opositor que consegue mobilizar multidões, mas que foi impossibilitado de se candidatar devido a uma condenação judicial. Para ele, uma orquestração do governo.
Como sempre em se tratando de política russa, haverá denúncias de fraude na eleição. Como sempre, haverá protestos de grupos perseguidos. E, como sempre, ao final, Putin, o neoczar, vai rir por último.