Um ano e sete meses depois do referendo no qual os britânicos votaram pela saída da União Europeia (UE) começa a ganhar fôlego no reino de Sua Majestade especulações sobre uma nova votação. Vale lembrar que, à época, 52% dos britânicos decidiram pelo Brexit, contra 48% que defenderam a permanência. Passado esse tempo, a sensação é de que a população continua dividida – o que leva a pensar que uma reversão do processo não seria impossível.
Políticos favoráveis à permanência na UE, como o ex-primeiro-ministro Tony Blair, têm defendido a ideia da segunda consulta. Afirmam que o país não pode ficar preso à decisão tomada em 2016, no caso de um divórcio litigioso, em outras palavras um mau acordo com Bruxelas.
Até entre defensores do Brexit, a possibilidade de novo referendo é levantada. Seria uma espécie de tira-teima.
– Isso poria fim de uma vez por todas a qualquer problema para uma geração – disse o eurodeputado britânico Nigel Farage, ferrenho apoiador do Brexit.
Será? A fala foi suficiente para o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, declarar nesta quarta-feira que gostaria de ver o retorno do Reino Unido à UE.
– Mesmo que os britânicos saiam em virtude do artigo 50 do Tratado da UE, também existe o artigo 49, que autoriza uma nova adesão. Algo de que eu gostaria – disse.
O governo da primeira-ministra Theresa May descarta uma eventual nova consulta. Mas governos, principalmente no parlamentarismo, não são eternos. O artigo 50 do Tratado de Roma, que deu origem à UE, é o único roteiro para a saída de um Estado-membro. Mas é omisso sobre a possibilidade de um país recuar, depois de ter notificado o Conselho Europeu da decisão de abandonar o bloco. Como as regras também estão sendo escritas durante o jogo, todas as possibilidades ainda estão sobre a mesa.