Tem gente que ainda não se deu conta de que a direção do Inter fez uma aventura quando tirou Abel Braga e contratou Miguel Ángel Ramírez. Tudo que ele fez foi pior que o treinador que saiu. Não ganhou Gre-Nais, não ganhou o Gauchão, saiu prematuramente da Copa do Brasil — levando três gols do modesto Vitória, da Série B, dentro do Beira Rio — e foi o pior primeiro colocado entre os classificados da Libertadores, tendo jogado contra adversários muito fracos.
Em uma semana, conseguiu levar 10 gols. Os que ainda têm coragem de defender o trabalho de Ramírez no Inter agora partem para acusar jogadores, como a dizer que eles foram responsáveis pelo fracasso do treinador espanhol.
O que esquecem é que um líder precisa conquistar seus liderados. Em qualquer empresa, se isto não acontecer, o trabalho sofre grande prejuízo. É claro que isto aconteceu no Inter, só que Ramírez ainda buscou com seu modelo de jogo fazer jogadores executarem tarefas que não sabem. Isto deve ter desagradado alguns, ainda que tentassem fazer.
Mas quem, como Patrick e Edenilson, por exemplo, teve uma fase maravilhosa com Abel e recebe outras funções, que não condizem com suas características, vê acabar seu futebol, não pode sair por aí dando gargalhadas de satisfação e agradecendo a Deus pela graça alcançada.
Acho incrível que ainda tenhamos defensores de um trabalho trágico, de uma aventura malsucedida da direção do Inter, com prejuízos gigantes. E acho que cometem uma grande injustiça com jogadores profissionais, que lutam pelo seu trabalho, de terem originado a situação.
Quem errou foi a direção ao fazer uma troca absurda, que em muitas colunas tentei chamar atenção, e um treinador de segunda divisão, um preparador físico de segunda divisão e um diretor-executivo de segunda divisão. Assim, o Inter montou seu departamento de futebol, abrindo mão de um treinador que foi campeão da Libertadores e do mundo contra o milionário Barcelona, e um preparador físico que é considerado por muitos o melhor do Brasil.
São os "modernos", que buscam exemplos no Barcelona, como se os jogadores do Inter tivessem capacidade parecida. Comparar duas realidades diferentes é como comparar a casa de um modesto trabalhador na periferia de uma cidade brasileira com a mansão de um milionário.
Convenhamos, não façam esta injustiça e se entreguem: o erro foi dos que apoiaram a aventura e de quem a fez. Agora, é correr para tentar remendar este pano rasgado. E ainda dizem que os jogadores são perdedores. Mas, com Abel, eles ganharam um Gre-Nal e só não foram campeões brasileiros porque a arbitragem trouxe prejuízo definitivo.