Roberto Melo foi sempre um dirigente de futebol atento, um homem de convicções que abraçou a tarefa de comandar o futebol colorado no momento mais difícil da história do clube. Verdade que não ganhou títulos, mas não deixou de ter participações importantes. Tirou o Inter da Série B, colocou-o na Libertadores, na qual onde fez boa campanha, e foi finalista da Copa do Brasil, ou seja, terminou em segundo lugar numa competição disputada por 80 clubes. São resultados importantes e significativos.
No seu comando, os torcedores viveram, novamente, a esperança de ver seu clube abraçado em faixas e taças. Faltou pouco, mas o suficiente, dentro da nossa cultura, para que as redes sociais encontrassem nele uma forma de escape de pessoas mal-amadas.
Tenho o maior respeito por este dirigente que está deixando o futebol colorado. Claro que enxergo erros e acertos no seu trabalho. Para ser honesto, na análise sempre é importante dizer que teve de enfrentar adversários qualificados e tendo muito pouco dinheiro para armar o seu time. Com migalhas que eram possíveis de serem colocadas na aquisição de jogadores, ele conseguiu bastante. Seu ciclo está terminado.
Outro terá a mesma responsabilidade, só que agora o clube consegue respiração financeira mais frequente. Seria muito bom que o time conseguisse classificação para a Libertadores do ano que vem, ainda que na fase preliminar. Melo tem suas razões para renunciar. Foram três anos de trabalho duro, sem dinheiro. Não vieram os títulos, mas nada do que foi feito soou como desprezível.
LONGO CAMINHO — Marcelo Medeiros terá muito trabalho logo ali, um caminho muito longo para percorrer. Para começar, tem uma classificação para a Libertadores da América ainda não conquistada. Logo depois, tem de achar um vice de futebol, uma questão estatutária. Não são muitas as pessoas que se dispõem a trabalhar de graça, deixando suas atividades profissionais de lado e ouvindo e lendo horrores pelas redes sociais quando as vitórias não chegam.
Eduardo Coudet vem em janeiro e, como gosta de um time ofensivo, significa dizer que vai trocar a característica de muitos jogadores do grupo. Para fazer um time bom, o dirigente precisará ter dinheiro e conhecimento para atrair jogadores de qualidade. Será um ano complicado, de eleições. Se não conseguir títulos importantes, perderá com os votos dos mesmos que já o consagraram.