A solução que a prefeitura encontrou para acabar com os atrasos na coleta de lixo, em Porto Alegre, é uma espécie de remendo. Pode atenuar um problema específico, mas não vai modernizar um sistema que, verdade seja dita, nunca funcionou direito.
Em 12 anos de operação, a população jamais aprendeu a usar os contêineres. O DMLU inclusive revelou, em uma análise recente, que quase metade do material depositado nessas caçambas era reciclável – embora os recipientes devessem receber apenas resíduo orgânico. Um fiasco.
Mas, por enquanto, a intenção da prefeitura é não piorar o que já era ruim. Ou seja, garantir que o lixo pelo menos seja recolhido, visto que, nas últimas semanas, uma série de falhas na coleta deixou contêineres transbordando e um rastro de sujeira afligindo a cidade. Depois de cinco licitações sem interessados, a saída para substituir o prestador de serviço foi contratar uma empresa que oferecesse estruturas mais baratas e rápidas de serem produzidas.
Resultado: a partir deste mês, no lugar dos caixotões metálicos, serão instalados contêineres menores, de mil litros (menos da metade da capacidade dos anteriores), fabricados em plástico duro – o polietileno, usado na produção de frascos de xampu . Em vez de 2,5 mil, agora serão 6 mil unidades espalhadas por 19 bairros. A coleta, que antes ocorria três vezes por semana, passará a ser diária, porque os recipientes ficarão lotados mais depressa. E uma ajuda, antes dispensável, volta a ser necessária: a participação de garis para levar o lixo até os caminhões.
Como lidar com essa multiplicação de caçambas? Qual vai ser o impacto visual na cidade? Derrubar e vandalizar os contêineres será mais fácil? São dúvidas inevitáveis, mas o secretário Marcos Felipi Garcia, de Serviços Urbanos, diz que a prefeitura está preparada para eventuais problemas.
– Teremos uma cota de 500 contêineres reservas. Como a presença do poder público será maior, com recolhimento diário, as substituições devem ser rápidas – presume ele, lembrando que hoje os contêineres metálicos também sofrem com vandalismo e furto de tampas.
O novo modelo de coleta deve durar apenas seis meses – a ideia, com a contratação emergencial, é basicamente estancar os atrasos. Depois disso, o secretário garante que um sistema definitivo, mais tecnológico e eficiente, será apresentado à população. Vamos aguardar. O remendo era necessário, mas já passou da hora de melhorar o produto inteiro.