É melhor já deixar claro: não será amanhã que teremos o Arroio Dilúvio despoluído, com as pessoas molhando os pés no riacho e fazendo piquenique num parque linear no meio da Ipiranga. Mas a prefeitura argumenta que, para isso ocorrer, é preciso dar logo o primeiro passo. E o governo Sebastião Melo prevê o pontapé inicial para esta quarta-feira (7).
Será lançado às 11h um edital de licitação para contratar, por cerca de R$ 10 milhões, o consórcio que vai elaborar um detalhado projeto de recuperação do Dilúvio. Relatório ambiental, impacto de vizinhança, viabilidade econômica, formatação urbanística, modelagem jurídica, tudo isso deverá estar pronto num prazo de 18 meses após a assinatura do contrato. Além de apontar as soluções para despoluir o arroio, o material vai projetar a construção de um parque no canteiro central de toda a Avenida Ipiranga.
– Estamos apresentando um plano estruturado e consistente, para ser executado por etapas e para atravessar diferentes governos. O que tínhamos até hoje eram desenhos conceituais que, embora parecessem interessantes, não davam conta da complexidade que vamos enfrentar – avalia o secretário municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, Germano Bremm, justificando a quantidade de projetos frustrados nos últimos anos.
Quando os estudos ficarem prontos, Germano afirma que a intenção é iniciar as obras do parque num primeiro trecho – partindo da foz do Dilúvio, na orla do Guaíba. Essa primeira intervenção, que incluiria uma despoluição ao menos parcial naquela área, custaria em torno de R$ 60 milhões, valor que o governo se dispõe a bancar. Mas, para fazer a revitalização completa do arroio, a estimativa chega a R$ 1,5 bilhão.
– Não temos esses recursos, por isso a solução que propomos é uma Operação Urbana Consorciada – diz o secretário.
Significa que a prefeitura vai autorizar um novo potencial construtivo na Ipiranga – ou seja, será possível erguer na avenida prédios com uma altura muito maior do que a permitida atualmente. A ideia é atrair o interesse de empreendedores, já que esse potencial construtivo será leiloado em cotas na bolsa de valores. Quer dizer: quem comprar uma cota agora, antes da revitalização do Dilúvio começar, certamente terá um retorno financeiro depois que as obras avançarem.
– E todo o dinheiro que arrecadarmos com a venda do potencial construtivo será investido nesse projeto. O Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, e a ponte estaiada de São Paulo são exemplos de como esse modelo funciona – afirma Germano Bremm.
Se tudo der certo, as obras no primeiro trecho do Dilúvio devem começar no início do próximo governo.