Decidido a levar adiante a discussão sobre o cercamento de parques, o prefeito Sebastião Melo vai à Câmara Municipal na próxima semana para incluir os vereadores no debate.
– Direi no plenário que a prefeitura está disposta a abrir essa conversa começando pelo Legislativo. E aí vamos ver se a Câmara quer participar de audiências públicas ou levar o assunto para as comissões – disse Melo à coluna, reforçando que a ideia é começar o debate pelo Parcão.
O tema voltou à baila no início do mês, quando o prefeito publicou um artigo em Zero Hora. No texto, ele convocava a sociedade a "refletir objetivamente" sobre a possibilidade de gradear algumas áreas verdes. A recente onda de furtos contra a iluminação pública, que deixou às escuras boa parte dos parques da Capital, foi a principal razão mencionada por Melo para discutir o cercamento. Mas o prefeito ressalta estar aberto a outras alternativas:
– Não vou ser autoritário, não vou impor nada, pelo contrário. A intenção é que a sociedade, ao longo da discussão, possa nos trazer contribuições para enfrentarmos o problema. No fim de semana passado, teve furto de novo no Parcão.
A coluna apurou que mesmo internamente, na prefeitura, há divergências sobre o tema. Gestores ligados à segurança pública e à manutenção do patrimônio costumam defender o cercamento, enquanto técnicos das áreas de urbanismo e meio ambiente são mais resistentes. O secretário Germano Bremm, da Smamus, pasta que comanda o planejamento urbano da cidade, prefere a ponderação:
– As tendências de urbanismo recomendam que os espaços sejam o mais aberto possível. Mas nem sempre podemos trazer para nossa realidade as referências de países mais desenvolvidos: temos outras questões, como a insegurança, que precisam ser objeto de avaliação do poder público.
Germano acrescenta que cada área verde tem suas particularidades. No caso da Redenção, por exemplo, seria difícil pensar em cercá-la porque o acesso ao parque, atualmente, ocorre a partir de quase todos os pontos do entorno – ou seja, uma cerca limitaria demais a circulação dos frequentadores.
– Já o Parcão, especialmente na margem da Avenida Goethe, não tem tanto essa característica de ser atravessado pelas pessoas. A hipótese de cercá-lo é menos agressiva – diz o secretário.
Opinião do colunista: um posto da Guarda Municipal dentro dos parques, além de atrativos que garantam mais movimento noturno nessas áreas – duas soluções, aliás, que já são realidade na Orla do Guaíba, onde os furtos nunca foram um problema –, precisam ser consideradas antes de segregar um espaço público.