Paulo Germano

Paulo Germano

Jornalista formado pela PUCRS, está em ZH desde 2006, mas foi em 2015 que se tornou colunista do jornal. Antes, atuou nas áreas de política, geral, cultura e esportes. É comentarista da RBS TV. Já venceu o Prêmio Petrobras de Jornalismo e foi finalista do Prêmio Esso. PG, como é chamado, escreve sobre vida real.

O antecessor

Por que Melo tem muito a agradecer a Marchezan

Governo atual pretende investir US$ 1 bilhão ao longo de quatro anos em Porto Alegre

Paulo Germano

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Jefferson Botega / Agencia RBS
Em novembro de 2020, dois meses antes da transmissão de cargo, Melo visitava Marchezan na prefeitura de Porto Alegre

O governo Melo, se tudo der certo, será uma das gestões com maior volume de investimentos da história de Porto Alegre. O objetivo é aplicar US$ 1 bilhão ao longo dos quatro anos de mandato – o que, em reais, dá mais de 5 bilhões. E estamos falando só de obras novas: não entram nessa soma as pendências da Copa, por exemplo.

É evidente que, se a meta for batida, o mérito maior será do prefeito. Aliás, ele já tem o mérito de ter boas ideias engatilhadas – não adianta ter dinheiro se não houver bons projetos. E os planos para o Centro Histórico, o 4º Distrito, a Avenida Farrapos, a Voluntários da Pátria, o Arroio Dilúvio e a Orla do Guaíba – para ficar apenas em obras mais urbanísticas – são, de fato, animadores. Ponto para Melo.

Mas o prefeito sabe que as vacas gordas só chegarão à cidade graças a outro personagem: seu antecessor, Nelson Marchezan. Foram medidas antipáticas do governo anterior que agora permitem a colheita de bons frutos. Afinal, toda essa dinheirama, US$ 1 bilhão, virá por meio de financiamentos – ou seja, o município, claro, não tem esses recursos, que precisarão ser emprestados por instituições internacionais.

A questão é que, durante anos, Porto Alegre ficou impedida de solicitar empréstimos. Com as finanças em colapso, era considerada uma má pagadora: em uma escala de A até D, o Tesouro Nacional dava nota C para a capacidade de pagamento da Capital. Neste ano, com base nas contas municipais de 2018, 2019 e 2020, veio a nota A.

Significa que a cidade, agora, além de financiar investimentos, pode fazer isso a juros mais baixos, com as melhores condições de pagamento possíveis. Concorde-se ou não com Marchezan, foram medidas implementadas por ele que garantiram esse fôlego ao município. E o preço foi alto: para cada medida, houve uma briga.

O aumento da alíquota previdenciária dos servidores, por exemplo, levou manifestantes a invadir o plenário da Câmara. E o corte nos benefícios acirrou ainda mais os ânimos do funcionalismo. Ao reajustar o IPTU, Marchezan perdeu apoio no empresariado e na classe média. Aliás, a população inteira torceu o nariz quando ele suspendeu serviços básicos, como varrição e tapa-buraco, para revisar todos os contratos com fornecedores.

Decisões impopulares, às vezes indigestas, mas que hoje surtem um efeito promissor. Melo entrará para a história se realmente investir US$ 1 bilhão em quatro anos. Vai merecer todos os aplausos, mas talvez deva agradecer a quem preparou o terreno.

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