Vamos ser racionais, ok? Não importa se você é de esquerda, se é de direita, se detesta Melo, se odeia Manuela, se idolatra Bolsonaro, se adora Lula, nada disso importa, nada disso está em jogo se formos estritamente racionais ao analisar o debate desta sexta-feira (27) na RBS TV. Um candidato foi melhor que o outro, essa é a verdade. E foi muito, mas muito melhor.
Aliás, já quero deixar claro: neste texto, chamarei Manuela e Melo de candidatos, no masculino, não de candidatxs nem candidates, como alguns julgariam mais adequado. Dito isso, somente um dos candidatos argumentou, explicou, esclareceu, esmiuçou, desenvolveu, aprofundou. O outro se apequenou. Apelou para frases de efeito. Para generalidades. Não conseguiu transmitir conteúdo, consistência, nada – parecia até torcer para o reloginho passar depressa.
Repito, vamos ser racionais. Não há problema algum em admirar alguém ou seguir um líder. O problema é mergulhar em um servilismo cego que glorifica um sacerdote e abre mão de qualquer senso crítico. O problema é amaldiçoar com fúria assassina o representante de um ideário que difere do seu. Isso é extremismo, isso é burrice.
Reconhecer quem foi melhor no debate, em primeiro lugar, não significa abdicar das próprias convicções. Também não significa que o correto seria votar no candidato que se saiu melhor – é legítimo votar no outro candidato, levando em conta uma série de questões que vão muito além de um programa de TV.
Reconhecer quem foi melhor no debate é apenas ser livre. É pensar por conta própria. É exercer a capacidade de refletir, de questionar, de avaliar uma situação com independência e honestidade. Fazia anos que eu não via um debate tão desparelho – até estranhei, porque nos debates anteriores houve certo equilíbrio entre Manuela e Melo.
Talvez esta sexta-feira, para o candidato que se saiu pior, tenha sido só um mau dia. Ou talvez esse candidato seja, mesmo, pior que o outro. Essa segunda opção é a que para mim, racionalmente, faz mais sentido.