Não durou muito tempo. Aquilo que há uma semana era um debate maduro e civilizado sobre o futuro da cidade desmoronou, nesta quarta-feira (25), sobre o balcão do Palácio da Polícia. Sebastião Melo (MDB) registrou um boletim de ocorrência contra sua adversária – segundo ele, Manuela D’Ávila (PC do B) estaria o acusando de racismo.
Não era verdade: o comercial que incomodou o emedebista, divulgado pela coligação de Manuela, mostra declarações absurdas de dois apoiadores de Melo. E aí, claro, o vídeo tenta atingir o candidato na linha do “diga-me com quem andas”. Nada muito diferente do tom da campanha nos últimos dias. Um tom, aliás, bem desagradável.
A maior preocupação de Manuela tem sido vincular o oponente às políticas excludentes da extrema direita. E a maior preocupação de Melo tem sido vincular a adversária aos desmandos do PT. É comunista para cá, velha política para lá, e assim os dois vão desviando a discussão saudável para o caminho belicoso do confronto polarizado, que mais irrita do que engaja.
Não é uma novidade, claro: intensificar os ataques na reta final – especialmente quando as pesquisas mostram equilíbrio – é quase uma tradição nas campanhas eleitorais. Mas, quando o primeiro turno acabou, tanto Manuela quanto Melo se comprometeram a “elevar o nível do debate”. Ninguém pediu que eles dissessem isso; disseram porque quiseram.
Ora, para quem precisa mostrar que é possível cumprir promessas, talvez não tenha sido um bom começo.