Nos primeiros dias, é bom dar um desconto: os candidatos vão para a TV dizer quem são, de onde vêm, o que já fizeram, e isso até tem importância, mas o principal vem logo em seguida.
Agora, nesta semana, todos já começam a apresentar propostas – o que, no fim das contas, é o que interessa. E aí veremos alguns prometendo fazer isso, aquilo e aquele outro. Tudo bem, candidato é para isso mesmo: oferecer soluções. Mas como vão botá-las em prática? A resposta a essa pergunta é mais importante do que as próprias soluções.
– Vou abrir 50 mil vagas de emprego!
Legal, mas como?
– Todas as escolas vão funcionar em tempo integral!
Ok, mas como? Qual é o plano? De onde virá o dinheiro? Cadê o passo a passo? Me explica direito isso aí. Eu sei que se conselho fosse bom a gente não dava – vendia –, mas permitam-me oferecer um mesmo assim. Eis uma pergunta que o eleitor precisa ter em mente quando vê um candidato na propaganda:
– Será que ele consegue, mesmo, cumprir o que propõe?
Se você não tiver a resposta, consulte alguém de confiança. Um familiar, um colega, um profissional que admira – qualquer pessoa que, por algum motivo (talvez por experiência de vida, talvez por conhecimento de causa), possa fazer uma avaliação equilibrada sobre a promessa do candidato.
E outra coisa. Uns dias atrás, em uma conversa por telefone, um marqueteiro com larga experiência em campanhas me disse o seguinte:
– Vi muito candidato sem proposta ganhar eleição. Porque, às vezes, as palavras emocionam, o discurso funciona, a estratégia emplaca, e aí as pessoas votam por outros motivos.
Ou seja, não dá para esquecer que o camarada concorre a prefeito, e não a melhor amigo. E não custa dar uma olhada no passado dele. Um candidato, por exemplo, que se diz de direita (hoje é conveniente ser de direita), mas, há pouco tempo, pedia o apoio da esquerda, é confiável? E aquele partido que sempre ocupou cargos no governo, mas, na última hora, passou a esculhambar esse mesmo governo, é confiável?
Antes que alguém se acuse, esses são exemplos genéricos, frequentes em qualquer cidade que vai eleger um prefeito. A dica é ficar de olho aberto.