Deve sair nesta sexta-feira (17) a decisão da prefeitura sobre liberar ou vetar o Gre-Nal marcado para a próxima quarta (22) no Beira-Rio. Embora o governador Eduardo Leite tenha autorizado a retomada do Gauchão, cada município tem autonomia para impor restrições conforme sua realidade.
Um encontro virtual, a partir das 10h, vai reunir o comitê da prefeitura que lidera as medidas de combate ao coronavírus – no comando do grupo está o prefeito Marchezan. Sabe-se que há dois consensos entre os integrantes. O primeiro: futebol profissional, na avaliação deles, não é uma atividade de risco.
– É até difícil pensar em atividade mais segura – diz um assessor do governo.
Primeiro, porque envolve atletas. Jovens. Pessoas monitoradas o tempo todo. Nada menos suscetível a complicações. E depois porque os protocolos da Federação Gaúcha de Futebol – apresentados ao secretário municipal de Saúde, Pablo Stürmer, em reunião na quarta-feira (15) – são considerados exemplares. Todos os jogadores, por exemplo, seriam testados dois dias antes do jogo e, até o horário da partida, se manteriam reclusos para evitar contato com o vírus.
Até aí, tudo certo. O problema é que, na prefeitura, ninguém gostou de saber da confirmação do Gre-Nal pela imprensa. É como se tivessem botado o prefeito num brete.
– Pressão, né? Podiam ter nos consultado – diz um membro do governo.
Se a consulta tivesse ocorrido, provavelmente a sugestão seria retomar o Gauchão em agosto, não agora. Porque é justamente agora que Porto Alegre atravessa o momento mais delicado da pandemia, com uma perigosa disparada de internações em leitos de UTI. Na prefeitura, o comitê de combate ao coronavírus já discute até a possibilidade de lockdown.
E aí é que entra o segundo consenso: os integrantes do comitê concordam que a mensagem para a sociedade, com o retorno do futebol, tende a ser ruim. Passaria uma falsa impressão de volta à normalidade. E aborreceria empresários e comerciantes que, ao contrário da dupla Gre-Nal, seguem proibidos de trabalhar.
Mesmo assim, ao menos até esta quinta-feira (16) à noite, as chances de liberar o Gre-Nal ainda eram maiores. Pode ser que essa inclinação mude na última hora, embora seja improvável – e embora este colunista entenda que seria, sim, melhor para todos se o futebol esperasse.