A prefeitura tem feito o que as empresas pedem: linhas de ônibus são readequadas, viagens são cortadas, aglomerações já são toleradas. E as próprias empresas – antes de anunciar que vão parcelar, a partir desta quinta-feira (7), o salário de 60% dos funcionários – já tinham reduzido a jornada de trabalho e a remuneração de metade dos empregados.
Enquanto isso, na Câmara Municipal, projetos que poderiam ao menos atenuar essa catástrofe estão parados. Quando as propostas chegaram à Câmara, em janeiro, encaminhadas pelo Executivo, vereadores argumentaram que precisavam de tempo para debatê-las. Disseram que a prefeitura queria aprovar tudo no afogadilho. Estavam certos.
Mas já estamos quase na metade do ano, e o parlamento aprova insanidades como distribuição gratuita de máscaras – como se houvesse dinheiro (e máscaras) para isso – e testes obrigatórios em moradores de rua – como se o governo deixasse de aplicar testes porque falta uma lei, e não porque faltam testes.
Ou todo mundo abraça suas responsabilidades, ou um problema real e gravíssimo pode parar a cidade no meio da pandemia. Discordam dos projetos do Executivo para o transporte coletivo? Tudo bem, sugiram outros. Mas, por favor, vereadores, discutam o assunto.
As propostas do Executivo
Para garantir subsídios ao sistema de ônibus, a prefeitura encaminhou medidas polêmicas à Câmara em janeiro. Elas incluem tributar os aplicativos de transporte, convencer empresas a trocar o vale-transporte por uma taxa que daria passe livre aos empregados e cobrar dos veículos com placas de fora uma espécie de pedágio para ingressar na Capital.
Uma proposta de mais fácil aceitação, mas ainda não votada pelos vereadores, é a que acabaria com um percentual da passagem que a EPTC recebe. Se todas as cinco medidas do pacote fossem aprovadas, a prefeitura acreditava ser possível baixar a tarifa de 2020 abaixo dos R$ 4 e, em 2021, chegar a R$ 2 – R$ 1 para estudantes.