Mais de 60% dos 5,5 mil funcionários das empresas de ônibus de Porto Alegre, segundo a Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP), devem receber parcelado o próximo salário. O cálculo não inclui a Carris – única estatal entre as companhias –, que deve pagar a folha normalmente.
– A realidade econômica das empresas é diferente uma da outra. Nem todas vão agir da mesma forma – afirma Antônio Augusto Lovatto, engenheiro de Transportes da ATP.
São 11 empresas privadas que formam quatro consórcios. Algumas, conforme Lovatto, conseguirão pagar integralmente no quinto dia útil do mês (7 de maio), como de costume. Outras vão pagar uma primeira parte no dia 7, uma segunda no dia 11 e a última no dia 13.
Há também as que devem quitar, de uma vez só, todo o salário de motoristas e cobradores, mas parcelar a remuneração de funcionários de outras áreas, como manutenção e administrativo. Questionado sobre a hipótese de trabalhadores se recusarem a trabalhar, Lovatto diz que "é possível":
– Se isso ocorrer, vamos estudar as alternativas, mas vai depender de quantas pessoas vão optar por isso.
Mais da metade dos funcionários já estão enquadrados na medida provisória do governo federal: tanto a jornada de trabalho quanto o salário foram reduzidos – o governo paga um complemento para compensar parte da perda.
Mesmo assim, os parcelamentos se tornaram inevitáveis, segundo a ATP, devido ao prejuízo que as empresas vêm amargando. Entre o final de março e o início de maio, com uma queda de 80% no número de passageiros, as companhias perderam R$ 46 milhões.