O repórter Matheus Felipe mostrou nesta segunda-feira (27), no Jornal do Almoço, um porteiro que aguardava um ônibus na parada havia três horas – isso depois de ter trabalhado 12 em um prédio do bairro Cavalhada.
Ele não sabia quais eram os novos horários da linha Belém Velho/Rincão, uma das 169 atingidas por mais uma redução na circulação do transporte coletivo em Porto Alegre. A oferta de viagens agora é 60% menor em dias úteis.
Ninguém tem contestado a redução nas viagens – com a queda brutal no número de passageiros, não há dúvida de que os cortes são necessários. Mas, para aquele porteiro ter acesso à nova tabela horária, a EPTC sugeriu que ele baixasse o aplicativo da prefeitura. Só que o homem estava sem acesso à internet.
Ele, claro, não deve ser o único passageiro da cidade nessa situação – alguns não têm condições financeiras, outros não conseguiram pagar a conta, outros estão com a operadora fora do ar, outros ficaram sem bateria, outros têm dificuldade para mexer no aplicativo.
Em resumo, não é uma obrigação do cidadão estar habilitado a usar a plataforma. Mas é uma obrigação da prefeitura prestar informações sobre um serviço que é público. Ainda mais agora, quando ocorre uma queda sem precedentes na prestação desse serviço.
É impossível instalar painéis eletrônicos nos terminais? Tudo bem, basta fixar adesivos nas paradas de ônibus, informando a nova tabela horária das linhas que passam ali. A EPTC tem estrutura para isso. E os próprios agentes de trânsito, nas viaturas da estatal, não teriam qualquer impeditivo para se deslocar até as paradas e adesivá-las.
Aliás, com a redução no fluxo de veículos, o trânsito atualmente têm dado menos trabalho aos fiscais – é razoável redirecionar alguns esforços para auxiliar e orientar os usuários de ônibus. Inclusive pessoalmente. Não faz sentido alguém passar três horas aguardando um ônibus e a resposta ser "baixe o aplicativo".