As concessionárias devem apresentar até sexta-feira (24) à EPTC uma proposta para reduzir ainda mais a circulação dos ônibus em Porto Alegre.
A intenção é amenizar o prejuízo das empresas: com uma queda de quase 80% no número de passageiros, o sistema que custa R$ 52 milhões por mês está arrecadando só R$ 21 milhões. Mas, mesmo se o pedido for aceito, não há garantia de que as concessionárias vão conseguir, no próximo dia 5, pagar o salário dos 5,5 mil funcionários.
– O déficit vai continuar. Com as novas medidas, talvez a gente consiga reduzir para R$ 20 milhões um prejuízo que hoje é de R$ 31 milhões. É possível, sim, que algumas empresas, no início de maio, não tenham como quitar a folha de pagamento – afirma Antônio Augusto Lovatto, engenheiro de Transportes da Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP).
Se isso ocorrer, segundo ele, a circulação dos ônibus "ficará à mercê de motoristas e cobradores": ou seja, o transporte coletivo só seguirá funcionando se esses funcionários toparem trabalhar de graça – o que, vamos combinar, beira o ridículo.
Mas a proposta da ATP, se for aceita, ajudará a aliviar a situação: a ideia é que o número de viagens de ônibus – que já havia sido cortado em 45% – agora chegue a 60% de redução. Algumas linhas sairiam de circulação, enquanto outras funcionariam apenas nos horários de pico – no início da manhã e no fim da tarde.
Com isso, além de menos gastos com combustível e pneus, as empresas economizariam especialmente com pessoal. Porque, com uma quantidade tão baixa de ônibus na rua, mais da metade dos funcionários poderia ser enquadrada na medida provisória do governo federal: além da jornada de trabalho reduzida, eles teriam seus salários diminuídos em 50% – e o governo pagaria um complemento para compensar parte da perda.
Mesmo assim, a prefeitura ainda busca recursos da União para injetar no sistema de transporte coletivo. Não há sinalização de que algum dinheiro virá, mas, se vier, que venha antes do dia 5.