A nova investida é um abaixo-assinado: inconformados com a barulheira que dizem vir de um cachorródromo, cerca de cem moradores da Rua da Praia encaminharam à prefeitura, no fim de janeiro, um pedido para trocar o espaço de lugar. Mas outros vizinhos resistem à ideia – e já faz um ano que o clima esquenta entre os dois grupos.
– A gente não tem sossego, não consegue ouvir uma televisão dentro de casa. Cachorros latem enlouquecidamente à 1h, às 3h, às 6h. Só estamos pedindo para transferir o cercado um pouco mais para lá – diz a recepcionista Ingrid Fernandes Sanches, 29 anos.
O corretor de imóveis Mauro Guilherme Copello, 65 anos, também assinou a petição:
– Não é o lugar ideal. No verão tem mau cheiro e tirou a área de lazer das pessoas que faziam churrasco ali.
O espaço para cães fica na histórica Praça Brigadeiro Sampaio, apontada como a mais antiga de Porto Alegre – até a metade do século 19, a área recebia o macabro nome de Largo da Forca, já que os condenados à morte eram executados ali.
Em outubro passado, atendendo aos moradores incomodados, uma equipe da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smams) chegou a levar uma placa até o local. O aviso estabelecia as 22h como horário-limite para o cachorródromo funcionar.
– Baseado em quê? Que lei ampara isso? O espaço é público, eu venho aqui à noite, até filmo, e nunca tem latido nenhum – garante Ionara Bachi, 40 anos, que convenceu os funcionários a desistirem de fixar a placa.
"Sem chegar a um consenso entre as partes, a prefeitura optou por não instalar a sinalização e agora estuda a mudança de lugar do cachorródromo", informou a Smams em nota enviada à coluna. Depois desse episódio, a cerca do local foi rasgada duas vezes – Ionara diz que foram retaliações.
– Fizeram isso na calada da noite, para os cães saírem e serem atropelados – acredita ela.
Os cem signatários do abaixo-assinado pedem que o cachorródromo, hoje situado ao lado do Museu do Trabalho – de frente para a Rua da Praia–, seja transferido para a parte baixa da Praça Brigadeiro Sampaio, próximo à Avenida Presidente João Goulart. Naquela região, não há moradores. Mas os vizinhos contrários dizem que a localização atual é mais segura e iluminada, enquanto que a outra está cheia de moradores de rua.
– A situação vem gerando brigas, atritos, desconforto. Queremos que acabe logo, estamos tentando resolver da melhor forma – afirma a aposentada Marivane Anhanha, 57 anos, representante dos Amigos da Praça Brigadeiro Sampaio, que encaminhou o abaixo-assinado à Secretaria do Meio Ambiente.
Com Rossana Ruschel