São 534 corujas espalhadas por prateleiras e estantes na casa de Danilo Pimentel, 71 anos, um representante comercial aposentado que vive na Rua Cecy Cordeiro Thofehrn, no Sarandi.
Tem de madeira, argila, vidro, palha, cristal, pelúcia, semente, plástico. A menor tem dois centímetros; a maior, 55. Os olhões arregalados vigiam a sala, a cozinha, a lavanderia, o lavabo – e cada corujinha faz Danilo lembrar da esposa, a dona de casa Marion, que morreu em 2003 aos 49 anos.
– Como ela era minha paixão, eu gostava do que ela gostava – conta ele.
Marion ganhou a primeira coruja em 1979, presente de uma amiga. Adorou e sentiu vontade de ter mais – mas nunca chegou a comprar outra.
– Dei a segunda para fazer um agrado – recorda Danilo. – A partir daí, sempre que eu viajava a trabalho, comprava uma diferente. Ela já ficava esperando, virou um vício.
Marion vibrava com cada uma. Familiares e amigos também passaram a presenteá-la com corujas e, quando o casal se deu conta, já tinha dezenas.
– Dizem que elas simbolizam a sabedoria, a inteligência, porque têm os olhos bem abertos. Então a Marion gostava de tê-las por perto.
Em 1995, em uma excursão pela Europa, o casal saiu a comprar corujas na Irlanda, na Holanda, na Alemanha, na Itália. A peça mais cara da coleção foi adquirida nessa viagem, em Murano: esculpida em cristal e ouro, custou US$ 300 e, até hoje, lidera com imponência as corujinhas que ficam em cima da lareira.
– Nossa intenção nunca foi começar uma coleção, mas aconteceu. Virou uma coisa nossa, uma coisa do casal. Uma coisa que vou manter até o fim – promete Danilo.
Com Rossana Ruschel