Suspenso desde maio de 2018, o corte da grama no talude – aquele barranco entre o riacho e a calçada – do Arroio Dilúvio foi retomado na Avenida Ipiranga. Os garis agora usam equipamentos de alpinismo.
Foi a saída encontrada pela prefeitura para atender às exigências do Ministério Público do Trabalho (MPT), que apontava risco aos trabalhadores. O receio era de que a inclinação do talude fizesse alguém cair no Dilúvio.
– É um símbolo da burocracia brasileira – diz o secretário municipal de Serviços Urbanos, Ramiro Rosário, inconformado com o atraso que a novidade provocou. – Nunca houve registro de um operário cair enquanto cortava a grama. Nada justificava essa proibição.
Ramiro lista uma série de testes, ensaios, pesquisas, reuniões com o MPT, além de consultas a engenheiros e mudanças no edital que selecionou a empresa terceirizada. A Cootravipa, vencedora da licitação – o contrato é de R$ 40 milhões por ano, o que inclui toda a capina da cidade –, pediu à prefeitura 15 dias para treinar seus funcionários. Nesta semana, o corte da grama no talude do arroio foi retomado.
O trabalhador agora fica preso a um cabo de aço, que, por sua vez, é preso a uma estaca enterrada no chão. Assim, ele consegue caminhar na área mais íngreme sem qualquer risco de queda. Em entrevista à coluna em março do ano passado, a procuradora do Trabalho Aline Zerwes Bottari Brasil, que conduzia o inquérito no MPT, justificou as exigências:
– Não precisamos esperar que alguém caia para saber que aquela atividade é de risco. Nós atuamos de forma preventiva, até porque, se alguém cair e se machucar, será tarde demais.