Em nota enviada à coluna, o ex-prefeito José Fortunati compara a estratégia de comunicação do governo Marchezan à do regime nazista. A administração atual, segundo ele, “não se cansa de manipular os dados" e parece seguir a máxima de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler: “De tanto se repetir uma mentira, ela acaba se tornando verdade”.
Fortunati afirma que, após extinguir o DataPOA – sistema que “abria completamente os dados da prefeitura (...), tornando as informações transparentes” –, o governo Marchezan “diz o que bem entende e vocês (jornalistas) acabam aceitando passivamente (...), sem ter como contestar”.
O protesto de Fortunati ocorre porque, na semana passada, o atual governo enviou à coluna dados mostrando que, entre 2013 e 2017, grande parte das obras previstas no Orçamento Participativo teriam sido apenas orçadas, mas não executadas.
Conforme o ex-prefeito, a gestão Marchezan omitiu medidas tomadas por Fortunati para driblar a crise econômica e concretizar uma série de obras – o que envolveu parcerias com o governo federal, financiamento internacional e contrapartidas privadas.
Leia a íntegra da nota de Fortunati:
“Caro Paulo Germano,
Durante o III Reich o ideólogo do Nazismo, Joseph Goebbels, afirmava que “de tanto se repetir uma mentira, ela acaba se tornando verdade”. Ao que parece, é o princípio de comunicação que norteia o atual governo municipal, que não se cansa de manipular os dados existentes.
Desta forma, se compreende por que uma das primeiras providências do atual governo foi extinguir o DataPOA, sistema que abria completamente os dados da Prefeitura, implantado no meu governo, tornando as informações transparentes e confiáveis.
Graças ao DataPOA Porto Alegre foi a única capital do país a receber “nota 10” em transparência no ranking feito pelo Ministério Público Federal (MPF) das 5.700 cidades brasileiras em 2015 e 2016. Fomos, também, reconhecidos como a cidade mais transparente do RS pelo TCE nos mesmos anos. A partir da extinção do DataPOA e acobertamento dos dados, o atual governo diz o que bem entende e vocês acabam aceitando passivamente os dados como verdadeiros, sem ter como contestar.
Em relação aos dados do OP – Orçamento Participativo, fica clara a postura adotada pelo atual governo de tentar desgastar o meu governo ao informar os dados parciais somente a partir de 2014, quando a atual grande crise econômica nacional começa afetando o orçamento dos governos, das empresas e a vida das pessoas. É interessante notar que o atual governo “esquece” de pontuar que, de 2010 (ano em que assumi a Prefeitura) até o ano de 2014, investimos mais de R$ 550 milhões nas demandas do OP.
Também é importante lembrar que, com o advento da crise de 2014, fomos em busca de medidas alternativas para concretizar as demandas do OP, já que o orçamento municipal encontrava-se combalido.
Exemplos: para atender a demanda habitacional, fizemos uma parceria com o Governo Federal e construímos neste período mais de 3.000 unidades habitacionais pelo MCMV (todas demandadas pelo OP). Também buscamos recursos federais para a construção de 54 creches além de unidades básicas de saúde demandadas pelo OP. Utilizamos as chamadas “contrapartidas” das grandes obras privadas no atendimento de demandas do OP, como a construção de 12 creches, ciclovia, pavimentação comunitária, etc.
Com o financiamento da CAF – Corporação Andina de Fomento assinado em meu governo, além de garantir a obra da Revitalização da Orla do Guaíba, atendemos a 48 demandas de pavimentação em bairros populares (todas demandas do OP, e a maioria entregue no atual governo). Ainda temos que considerar que algumas demandas por obras não foram atendidas por problemas técnicos, e não por falta de vontade política.
O OP em momento algum foi uma farsa no meu governo. Sempre estive presente em todas as plenárias nas comunidades explicando o momento de crise e construindo alternativas com a população. Prova é que em 2015 conseguimos a maior presença de pessoas da história nas plenárias do OP, com mais de 23 mil cidadãos se fazendo presentes. Se o OP estivesse enfraquecido, certamente a população não se mobilizaria.
É importante ficar claro de que, na medida em que a crise foi afetando as finanças do município, fui em busca de recursos alternativos para que as demandas fossem atendidas, não permitindo que a crise paralisasse o OP, como tem acontecido no atual governo.
Atenciosamente,
José Fortunati
(Prefeito de Porto Alegre 2010/2012, 2013/2016)”