Um guindaste estava prestes a içar o primeiro vagão quando Oskar Coester, 81 anos, o inventor do aeromóvel, chegou à Avenida Loureiro da Silva. Era como se a operação para retirar o veículo – que durou a manhã inteira e parte da tarde desta quarta-feira (2) – aguardasse sua presença para começar.
— Não dá pra acreditar – disse ele ao descer do carro, segundos antes de se acomodar em uma cadeira de rodas. – Desde 1980 tínhamos esse projeto para levá-lo daqui até o Mercado. Lembro das polêmicas, lembro de tudo.
Com voz baixa e poucas palavras, o ex-engenheiro da Varig — que abriu sua própria empresa há seis décadas e, logo depois, criou a tecnologia do aeromóvel — respondeu a jornalistas sobre o sentimento de presenciar a retirada dos vagões. O veículo estava lá desde 1982, quando a estrutura que sustenta os trilhos foi construída.
— Essa obra provou que o sistema funciona. Foi a recompensa de um esforço. Esse carro pesa a metade de um ônibus, mas tem capacidade para 300 pessoas. É incrível — orgulhava-se ele, que agora vê o filho, Marcus Coester, liderar a empresa Aeromovel Brasil.
Quando perguntado sobre a expectativa em relação ao projeto apresentado pela Aeromovel à prefeitura — que propõe a restauração da estrutura dos trilhos, além de um prolongamento pela beira do Guaíba —, Coester foi cauteloso:
—Não me leva ao desespero nem nada. Se não sair agora, paciência. Quem decide é a prefeitura. É o sistema de transporte do futuro, mas ainda vai levar tempo.
Com Rossana Ruschel