Mais do que produzir um visual horroroso, o mofo que tomava conta de uma escola estadual no centro de Porto Alegre já levava crianças a faltarem aula — e obrigava o colégio a interditar algumas salas.
— Meu filho, por exemplo, desenvolveu bronquite asmática — diz a presidente do Conselho de Pais e Mestres, Cristiane Dambrós, 34 anos, que iniciou uma mobilização para resgatar do abandono a escola Estado do Rio Grande do Sul, na Rua Washington Luiz.
O resultado prático veio no fim de semana: depois de meses pedindo (sem sucesso) ajuda ao governo estadual, ex-alunos, professores, pais e empresários se juntaram para raspar o bolor, aplicar massa corrida e lavar as paredes do colégio. Amanhã, voltam para lixar, pintar e terminar pelo menos uma das sala interditadas.
— Estão fazendo o que a secretaria (da Educação) deveria ter feito. Ninguém nos dava mais retorno — conta o vice-diretor, Pablo Kmohan.
Foi na semana passada que a ideia de restaurar a instituição ganhou corpo: Cristiane e outros pais colaram cartazes na escola, publicaram posts no Facebook e, em poucos dias, já havia empresas oferecendo tinta, produto antimofo, lixa, rolo e pincéis. Dezenas de voluntários começaram a se escalar para o mutirão.
O mofo no colégio é consequência de infiltrações que começaram há três meses, quando a caixa d'água — que já dava problema fazia dois anos — enfim rachou. Ela agora está fora de operação. Procurada pela coluna, a Secretaria da Educação informou que a solução para a escola está "em fase de elaboração de projeto em caráter emergencial". Depois, segundo a assessoria, será lançada "concorrência para seleção" da empresa que fará o serviço.
Empolgados com a articulação, pais e professores já se organizam para revitalizar a biblioteca do colégio — doações de livros, pufes e prateleiras já começam a chegar.
— Não dá para esperar sempre o governo. A gente pode fazer acontecer — diz Cristiane, do Conselho de Pais e Mestres.
Com Rossana Ruschel