A partir de uma sugestão do governo Marchezan, a maior rede de cidades da América Latina decidiu lançar uma nota sobre "a crise ambiental na Amazônia".
O comunicado da Mercocidades – que abrange 349 municípios de 10 países – não cita nominalmente a gestão Bolsonaro, mas pede "aos governos nacionais" que tomem "medidas efetivas para redução do desmatamento e garantia de reflorestamento", deixando de lado "disputas ideológicas".
– Dificilmente haverá uma posição do Mercosul, porque é o bloco que reúne os presidentes. Não vão eles próprios cobrarem dos governos nacionais, então as cidades estão fazendo isso – diz o secretário adjunto de Relações Institucionais de Porto Alegre, Carlos Siegle, que propôs a moção em La Paz, na Bolívia, onde o Conselho da Mercocidades se encontrou na quinta-feira.
Os representantes de cada prefeitura também se comprometeram a realizar, em suas cidades, um plantio de árvores nativas em 21 de setembro. Segundo Siegle, não há maiores detalhes de como isso será feito na capital gaúcha, mas reuniões nesta semana devem definir a estratégia.
Leia a íntegra da nota da Mercocidades:
"A crise causada pelos atuais incêndios na Amazônia lança um alerta ao mundo e destaca a necessidade de unir forças em todas as áreas para encontrar uma solução rápida e poderosa para uma crise que está causando impactos imediatos muito graves na região afetada, e ainda mais sério a médio e longo prazo.
Mercocidades, na reunião de seu Conselho, faz um chamado de responsabilidade a todas as autoridades locais, regionais e mundiais e, especialmente, aos governos nacionais dos países que fazem parte das florestas amazônicas, para que tomem como prioridade medidas efetivas para a redução desmatamento e garantia de reflorestamento, conservando a biodiversidade, mantendo essa questão fora de disputas ideológicas e respeitando a soberania dos países.
Essas medidas são muito importantes para o clima do planeta e para o cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris para o clima. Assim como algumas cidades do mundo resolveram ir além dos governos nacionais, nossas cidades devem se comprometer a reduzir as emissões de carbono. Reconhecemos que o meio ambiente, além do Habitat de nossos povos, é uma fonte de riqueza e garantia de presente e futuro.
Apoiamos todas as iniciativas da sociedade civil e governos de diferentes níveis, destinadas a contribuir para o fim dos incêndios, bem como a reconstituição do meio ambiente. Convocamos todas as cidades a participarem de um grande movimento regional e global para plantar árvores nativas em nossas cidades.
Exigimos que a crise ambiental na Amazônia seja tratada como uma agenda prioritária em todos os casos, porque, unindo todos os esforços, encontraremos uma fórmula capaz de garantir o desenvolvimento com a preservação do principal ecossistema do mundo, regulador climático e pulmão ambiental da Amazônia. a humanidade.
Se nossos países não se comprometerem com o cumprimento das metas, colocaremos em risco a própria existência da humanidade."