Seria uma espécie de acordo informal: a prefeitura garante uma legislação que agrade às empresas e, em troca, elas levam seus serviços para bairros mais afastados da cidade – e cobram lá um valor menor. Na região central, tudo bem, o aluguel de bicicletas seguiria com o valor mais alto, como já ocorre hoje.
Não é uma chantagem. A regulamentação do serviço de bikes e patinetes – que deve ser publicada neste mês pelo prefeito Marchezan – será festejada pelas empresas de qualquer forma: as novas regras não devem ameaçar a viabilidade do negócio, como ocorreu em São Paulo e no Rio.
Mas as próprias operadoras, em conversas com representantes do Executivo, parecem ver com bons olhos a ideia do secretário extraordinário de Mobilidade Urbana, Rodrigo Matta Tortoriello. Ele quer que moradores de bairros distantes possam se deslocar de bicicleta, a preços acessíveis, até o perímetro central de Porto Alegre.
Hoje, empresas como a Yellow só oferecem bikes nas áreas mais movimentadas, que é onde está a maior demanda. A pedido da prefeitura, as operadoras estudam a possibilidade de levar o serviço para as periferias. Mas essa hipótese só inclui bicicletas. No caso das patinetes, fica mais difícil: por custarem caro demais – e se prestarem a deslocamentos mais curtos –, é improvável que funcionem longe do Centro.
Entre as empresas que conversam com a prefeitura, uma delas ainda nem atua no Brasil, mas está decidida a operar em Porto Alegre. Ou seja, não só pode haver bikes de aluguel na periferia, como pode haver concorrência por lá.