Não é de hoje que a vanguarda do combate à aids passa por Porto Alegre. Só três cidades do Brasil, em um estudo realizado em sete países, estão testando um novo medicamento de prevenção do vírus HIV. Além da capital gaúcha, Rio e São Paulo recebem a pesquisa.
O diferencial do Cabotegravir, um antirretroviral injetável, é que o efeito pode durar até dois meses. Hoje, a única droga para evitar o contágio são as pílulas PrEP, disponíveis no SUS, que precisam ser tomadas diariamente.
– É comum as pessoas esquecerem de tomar e perderem a proteção. Com uma injeção a cada oito semanas, a administração fica mais fácil – avalia Breno Riegel Santos, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Conceição, onde ocorrem os testes financiados pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos EUA.
Já são 177 participantes, a maioria homens gays e bissexuais, mulheres trans e travestis. Mas o estudo ainda busca voluntários de um perfil específico: homossexuais negros que tenham entre 18 e 30 anos. Segundo Breno, pesquisas mostram que esse grupo, apontado como vulnerável ao HIV, costuma se beneficiar pouco dos métodos de prevenção. Quem tiver interesse em participar pode se inscrever na seção de recrutamento site poaprep.org.
Com duração de quatro anos, os testes funcionam assim: metade dos pacientes injeta o novo medicamento a cada dois meses, ao mesmo tempo em que toma pílulas falsas todo dia. A outra metade toma comprimidos verdadeiros e recebe injeções falsas de Cabotegravir.
No final, os pesquisadores vão analisar se os voluntários que se medicaram com o Cabotegravir tiveram proteção igual àqueles que tomaram as pílulas PrEP.