Dente quebrado, olho roxo, corte na boca e hematomas pelo corpo. Um tipo de acidente inaugurado há pouco tempo em Porto Alegre deixou essas marcas no aposentado Claudio Antonio Mendes, 71 anos.
A caminho de uma agência bancária, no último dia 8, ele andava por uma calçada da Avenida Praia de Belas, nas imediações do Tribunal de Justiça, quando foi atropelado por uma patinete elétrica.
– Não me lembro de nada. Acho que foi por volta de meio-dia e meia – conta ele, que foi socorrido pelo próprio jovem que pilotava o aparelho.
Levado ao HPS em uma ambulância do Samu, Mendes teria sofrido o impacto pelas costas. Caiu de rosto no chão. Em entrevista publicada nesta quinta-feira (16) em GaúchaZH, fez uma pergunta tão óbvia quanto pertinente:
– Quando é que eu ia pensar que seria atropelado por patinete em uma calçada?
De fato, não tem cabimento. As patinetes são uma alternativa interessante de mobilidade, mas, se no caso das bicicletas a recomendação, na ausência de ciclovia, é sempre pedalar no leito da rua, como pode um veículo motorizado que atinge 20 km/h dividir espaço com pedestres?
São Paulo, no início da semana, proibiu o trânsito de patinetes nas calçadas. Aqui, técnicos da EPTC entendem que a regra paulistana contraria o Código de Trânsito Brasileiro. De fato, no CTB a orientação é que patinetes transitem pelas calçadas e ciclovias – jamais pelo leito da rua. É uma maluquice.
Dentro de 45 dias, a prefeitura de Porto Alegre deve apresentar uma proposta de regulamentação. O problema é que, enquanto a legislação nacional seguir assim, nenhuma norma do município vai evitar acidentes como o que atingiu Claudio Antonio Mendes.