Vereadores e protetores de animais divergem sobre uma proposta que, se for aprovada na Câmara, obrigará todas as pet shops de Porto Alegre a instalarem “circuito interno de filmagem”. Autora do projeto, Lourdes Sprenger (MDB) entende que a nova lei inibiria eventuais maus-tratos:
– Já houve casos de funcionários batendo em cachorros. E de bichinhos que caíram da mesa. Também recebemos denúncia sobre a água do banho não ter sido trocada, o que poderia transmitir doenças de um animal para outro.
Segundo Lourdes, a nova legislação serviria, inclusive, como uma proteção às pet shops: com as imagens das câmeras, os comerciantes poderiam provar ao cliente, por exemplo, que um machucado no bichinho não ocorreu dentro de suas dependências.
– Só que já existem pet shops com câmeras. E algumas inclusive oferecem um link para o cliente assistir, em casa ou no celular, à forma como seu mascote é tratado. Se esse é um serviço importante, cabe ao cliente optar pelo estabelecimento que vai atendê-lo melhor – diz o vereador Ricardo Gomes (PP), contrário à proposta.
Para ele, não é função do Estado equiparar todos os concorrentes – e, assim, acabar com a escolha do consumidor. A publicitária Luciana Ruy, do grupo de voluntários Amigo Bicho, concorda: segundo ela, o projeto de Lourdes “parece um pouco extremado”.
– Eu acharia ótimo se todas as pet shops tivessem câmeras. Mas, se não existem leis obrigando creches a gravarem as crianças, como defender essa lógica nas pet shops? – questiona Luciana.
Há protetores, por outro lado, que aplaudem a iniciativa. Carla Colossi, da ONG Patas Dadas, diz que em muitos casos é impossível saber se os animais, em uma pet shop, recebem o tratamento adequado:
– E estamos confiando praticamente a vida deles àquelas pessoas. O projeto também é bom para as empresas, que nem sempre podem fiscalizar como seus funcionários atuam.
Ainda há tempo para o debate avançar: até ser votado, o projeto precisa passar pelas comissões da Câmara, o que leva meses.