Paulo Germano

Paulo Germano

Jornalista formado pela PUCRS, está em ZH desde 2006, mas foi em 2015 que se tornou colunista do jornal. Antes, atuou nas áreas de política, geral, cultura e esportes. É comentarista da RBS TV. Já venceu o Prêmio Petrobras de Jornalismo e foi finalista do Prêmio Esso. PG, como é chamado, escreve sobre vida real.

Sinal amarelo

A orla do Guaíba não pode virar uma nova João Alfredo

Área que devolveu entusiasmo e autoestima a Porto Alegre corre riscos que precisam ser combatidos pelo poder público em 2019

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Ana Clara Balena / Arquivo Pessoal
Desacostumada a servir de palco para multidões a céu aberto, a Capital ainda se mostra despreparada para essa nova realidade

Porto Alegre ganhou mais vida na rua. Esse é o maior – e melhor – legado do ano que chega ao fim, mas uma correção de rumo se impõe como urgente para 2019. 

Desacostumada a servir de palco para multidões a céu aberto, a Capital ainda se mostra despreparada para essa nova realidade. O principal exemplo, claro, é a orla do Guaíba

Não há dúvida de que ela trouxe muito mais prazeres que dissabores desde que foi reinaugurada, em 29 de junho. Nunca se viu tanto porto-alegrense envaidecido com a cidade onde vive – Porto Alegre ganhou entusiasmo, frescor, identidade e uma inédita injeção de autoestima.

O sinal amarelo veio nos últimos três meses, quando uma sucessão de tumultos, sempre aos domingos, começou a ameaçar a convivência pacífica entre os frequentadores do espaço público mais importante da Capital. Um vídeo que varreu o WhatsApp há duas semanas, por exemplo, mostra uma briga generalizada nas proximidades do restaurante panorâmico: garotas saem trocando socos e puxões de cabelo, em uma selvageria que logo atrai uma dúzia de marmanjos – pelo menos um deles bate inclusive nas meninas.

É nesse ambiente, também aos domingos, que caixas de som – proibidas na orla – tocam funk no último volume enquanto jovens se embriagam com vodca e energético. Nada contra o funk, pelo contrário: é absolutamente saudável que o público das periferias, com seus próprios hábitos e sua própria cultura, ocupe os mesmos espaços públicos onde a classe média se diverte.

Só que a vida em comunidade precisa de regras. Na Rua João Alfredo, coração da Cidade Baixa, o poder público levou muito tempo para deixar claro quais eram essas regras – quando decidiu agir, era tarde demais para retomar o controle da via, até hoje conturbada, e precisou fazer intervenções traumáticas.

Na orla do Guaíba, a Brigada Militar tem feito o que pode: reforçou o policiamento aos domingos, mas, quando há ocorrências longe dali, nem sempre o efetivo dá conta. Ainda há tempo para resolver o problema da orla, desde que esta seja uma prioridade inarredável no ano que vem.

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