Provocou mal-estar na prefeitura o texto que publiquei na quarta-feira (25), em GaúchaZH: a empresa Catsul, responsável por operar o catamarã, revelava seus planos de instalar uma estação no trecho revitalizado da orla. Vibrei com a ideia porque:
1) Porto Alegre iniciaria uma integração de modais. Quem chega ao centro da cidade, de trensurb ou de ônibus, poderia embarcar no terminal do catamarã, no Cais Mauá, e seguir sobre as águas até o Gasômetro.
2) Para evitar os engarrafamentos e a dificuldade para estacionar, quem mora na Zona Sul poderia deixar seu carro no BarraShopping. De lá, tomaria o catamarã em direção à nova orla.
3) Moradores de Guaíba desembarcariam diretamente no ponto mais concorrido da Capital no último mês.
Achei, claro, que na prefeitura também vibrariam. Três dias atrás, um diretor da EPTC publicou artigo em Zero Hora pedindo à população para deixar o carro em casa. "Precisamos criar essa cultura. Nenhuma cidade do mundo absorveria na via pública uma demanda que pretende estacionar o mais próximo possível", escreveu Fábio Berwanger.
Só que nesta quinta (26) o secretário de Parcerias Estratégicas, Bruno Vanuzzi – foi ele quem coordenou a revitalização da orla – se mostrou contrariado com a ideia da Catsul. Disse ao repórter Jocimar Farina que, para atracar na nova orla, a empresa precisaria criar uma linha turística, já que sua autorização é só para transporte regular. Quer dizer: a companhia teria de se enquadrar nos mesmos critérios do Cisne Branco, por exemplo, porque aquela é uma área de turismo.
Achei estranho. Liguei para um especialista em transporte da prefeitura – e ele disse que a proposta da Catsul é boa e precisa ser considerada. Porque, com o impressionante público que a orla tem atraído, não se pode mais pensar apenas em barquinhos de passeio como necessidade para a região. E uma estação de catamarã não seria uma opção turística, mas uma alternativa de transporte público.
– Funcionaria dentro da linha regular, operando da mesma forma que as estações que já existem – afirma Carlos Bernaud, diretor da Catsul.
Uma reunião para discutir a ideia está marcada para segunda-feira (30), com representantes da Catsul, da EPTC e da Secretaria de Mobilidade Urbana. Tomara que a ideia prospere: seria mais uma inteligente maneira de aproveitar o Guaíba.