Encantado com o riacho de Kazan, cidade russa onde o Brasil enfrenta a Bélgica nesta sexta-feira, meu amigo Potter me mandou por Whatsapp uma série de fotos:
– E se o Arroio Dilúvio fosse assim?
É uma comparação irresistível. O riacho de lá também corre entre as duas pistas de uma avenida com grande fluxo de veículos. Enquanto Porto Alegre tem 1,4 milhão de habitantes, Kazan – a sexta cidade mais populosa da Rússia, reconhecida como centro cultural, industrial e comercial – tem 1,2 milhão. Lá, o PIB per capita é de R$ 43 mil e, aqui, é de R$ 46 mil. Tudo parecido.
A diferença é que, em Kazan, o riacho conta com chafarizes, grama impecável e um cuidado, um zelo, um tratamento inspiradores – o que deixa claro que aquilo é um patrimônio do lugar. Já por aqui, como uma vez escreveu o David Coimbra, a cidade trata o Dilúvio como valão. Contraditório para uma população que diz cultivar suas tradições.
Não me refiro exclusivamente ao poder público. O poder público não picha, não vandaliza, nem joga lixo no arroio. Mas o poder público, em 2010, retirou as pedras de grés que revestiam os taludes do Dilúvio e, no lugar, instalou placas de concreto. Ora, as pedras de grés estavam ali por um motivo: porque se harmonizavam com o conjunto do riacho, com seus canteiros, suas pontes históricas.
Aliás, nossas pontes são muito mais lindas do que as do riacho de Kazan. Nosso arroio ainda pode, sim, ser mais bonito do que o deles. Eu é que não vou deixar de sonhar.