A saída da secretária de Desenvolvimento Social, Maria de Fátima Záchia Paludo, abriu um debate sobre a estratégia de gestão do prefeito Marchezan. Fátima pediu demissão depois que o prefeito suspendeu uma iniciativa dela: a ideia era instalar no Viaduto Otávio Rocha, a partir deste sábado, bancas de artesanato e foodtrucks para ocupar a histórica construção, hoje tomada por moradores de rua.
Mas Marchezan queria, primeiro, que a secretária lhe apresentasse um plano mais abrangente. Esperava uma proposta de assistência social para toda a cidade, e não apenas para os sem-teto do viaduto da Borges. Fátima se frustrou. E não foi a primeira vez que assessores e secretários divergiram desse método – o prefeito costuma exigir um diagnóstico mais macro da situação, que é para ter um panorama completo.
– Ele sempre teve a preocupação genuína, honesta e importante de realmente transformar, de trabalhar com projetos mais amplos. Mas minha impressão é de que isso pode impedir, às vezes, que coisas concretas saiam do papel em um prazo mais curto – avalia Eduardo Wolf, que foi secretário-adjunto da Cultura até julho, quando decidiu sair.
A meta de Wolf, na prefeitura, era bem clara: implementar o modelo que repassaria para organizações sociais – que são entidades privadas sem fins lucrativos – a gestão de espaços culturais da cidade, entre eles o Gasômetro, a Cinemateca Capitólio e o Centro Municipal de Cultura. A execução do plano poderia ter começado em março, mas Marchezan segurou. Queria, primeiro, uma relação apontando todas as possibilidades de envolvimento da iniciativa privada com projetos da prefeitura, não só na área cultural, mas em todos os âmbitos.
A imensa lista – assessores falam em mais de 300 itens – foi capitaneada pelo secretário de Parcerias Estratégicas, Bruno Vanuzzi. Responsável por estruturar projetos mais palpáveis, como a PPP da Iluminação Pública, Vanuzzi precisou dar prioridade à solicitação do prefeito:
– Na época, tive certa resistência, mas depois entendi que esse mapeamento era muito importante. Ele permite que os secretários façam uma reflexão sobre como as coisas funcionam e sobre como poderiam funcionar. Consome tempo? Sim, consome. Mas muita coisa a gente descobriu por meio desse trabalho.
Ótimo. Se os resultados vierem melhores, tudo bem que demorem mais. Só não precisam demorar tanto.